quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Saudade Absoluta - Por Claude Bloc

Nem sempre é preciso fazer uma maratona. Palavras desaparecem com o tempo, novas são criadas. Fugimos do arcaísmo, renovamos palavras em desuso, mas o que fazer com essa saudade que nos desnuda, que nos acossa e, em contrapartida, não morre de velhice?
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Saudade é sempre uma recém-nascida que nos ronda e mesmo sob o impacto de novas tecnologias, e mesmo que surjam novas realidades de necessidades de comunicação, a saudade persiste.
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Estamos sempre inventando palavras, vivemos criando neologismos, mas esses já nascem com dias contados, para não dizer que são natimortos. As invenções lingüísticas são recorrentes no nosso dia a dia: palavras são deformadas, desintegradas, recompostas. Verdadeiras alquimias são processadas à revelia do tempo. Palavras decantam a história de nossa vida, mudam o rumo e a perspectiva de nossos sonhos... A saudade, porém, esta veio ao mundo para se eternizar, para se enraizar até ser absolvida pelo refluxo da vida, na nossa íntima “agonia”.
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Sentir saudade é uma escolha absolutamente inconsciente que desperta uma série de questões relevantes em nossos sentidos e se agrega invasiva em nossos ensaios idílicos. Portanto, para entender a saudade é necessário acompanhar de perto o raciocínio do poeta. É começar a fazer a distinção entre a pieguice e o sentimento da falta absoluta. A falta que se sente diante da ausência do outro ou de nós mesmos. A falta do nosso universo reflexivo. Da clareza dos nossos sentimentos.
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A saudade é sempre absoluta, (do nosso tempo ou lugar). Ela não busca quem a ouça, não escolhe quem a atenda, não subordina a quem a sente, mas é aquela que se propõe a vencer o tempo, programada para a vida eterna. É aquela que vai além das contingências e que busca a posteridade.
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A saudade não morre, fica encantada.
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Por Claude Bloc
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