Título de uma canção da época de ouro da musica popular brasileira. A minha cidade natal (Crato) alcançou, em épocas passadas, seu “apogeu”, referência em vários setores. A educação foi seu “carro chefe”, sua identidade geográfica. Quantos e quantos de vários locais do nosso Nordeste procuravam o Crato para estudar, tanto em nível médio, como superior. Realidade comprovada por hoje a cidade sediar a reitoria e maior parte dos cursos da nossa Universidade Regional. Até os anos 80 realizávamos a mais famosa feira do interior; aconteceu em nossas ruas, nossos clubes sociais o mais festejado carnaval do interior nordestino. A saúde foi referência para todo o Nordeste com seus hospitais pioneiros, casas de saúde (hoje Barbalha nos ultrapassou); o futebol revelou craques e foi respeitadíssimo em toda região Nordeste, tanto o de salão quanto association (campo) – a liga cratense de desportos mudou até de nome. Tínhamos industrias de “peso” e um comércio de impacto, de uma pujança enorme. Fomos pioneiros na comunicação radiofônica (Rádio Araripe), no jornal escrito, no cinema, no teatro. Nossas praças eram de beleza ímpar (saudosa fonte luminosa), nosso patrimônio arquitetônico era exuberante. Nossa juventude exibia vigor, civismo, criatividade (festivais da canção, jogos intercolegiais, carnaval, futebol, volei, movimentos culturais...). Nossa festa da Padroeira, comandada pela liderança carismática do Monsenhor Rubens era só alegria, confraternização, devoção religiosa, leilões... (alô, alô, Bantim!). Nossa festa do Centenário foi de uma realização e empolgação jamais vista em nosso meio. Patrimônio arquitetônico dilapidado, antigo aeroporto abandonado há décadas, ao léu, antigo matadouro em ruínas, praças sucateadas (O Cristo Rei há quase 8 anos em estado de abandono, relógio sem funcionar) favelamento acelerado (ausência de políticas públicas no setor habitacional). Em quase cinco anos da atual gestão, nenhuma escola foi construída (nossa evasão escolar é altíssima), nosso estádio, construído há 27 anos, não concluído. Nosso carnaval acabou, nossa feira semanal perdeu a sua identidade... A saudade de tempos empolgantes, felizes para nosso povo nos remete a pensar no marasmo, no pessimismo que percebemos presente nos olhos de tantos cratenses enganados, humilhados, traídos por gestores descomprometidos com o social, com o bem estar, com um melhor nível de vida para uma população ordeira, trabalhadora, honrada. Representantes estaduais que só pensam em si, em projeção pessoal, melhor vida para meia dúzia de amigos. Uma classe política e empresarial egoísta, excludente. “Nossa gente hoje anda de lado e olhando pro chão” – diz a canção do Chico – espelho fiel de uma enorme população. Nos tiraram a “ALMA”. Como lembra a música acima citada como título desse artigo, somos bem semelhantes a uma árvore em pleno sertão nordestino, em meio um bravo verão: só os galhos (E o destino, infelizmente, desfolhou...).
Jorge Carvalho
Professor e Radialista
nada se cria,
ResponderExcluirnada se gera,
nada se perde,
nada se acaba,
nada se destrói...
tudo se modifica, desenvolve-se...
tudo se transforma, progride...
tudo se reforma... tudo muda...
as coisa, os homens, os bichos...
as ideías... Tudo. Tudo. Tudo.
O tempo. O espaço. Tudo. Tudo. Tudo.
Será que posso citar um pensamento da filosofia da praxis sem ser "linchado"?
ResponderExcluir"Tudo o que é sólido desmancha no ar".