terça-feira, 8 de setembro de 2009

Seremos amanhã os americanos de hoje?

Quando o cinema americano mostra: é cultura certamente. Por mais que exista a ficção, o argumento e um roteiro autoral, este autor é parte deste mundo e como ele se comporta. O que assusta é quando durante, ou após assistirmos, uma destas histórias, sentimos como se aqui no Brasil fôssemos eles amanhã.

Não sei se o modelo do American Way of Life está tão arraigado em nós ou se é apenas um sentimento geral do que nos é imposto. Mas quando vemos a violência das gangues armadas, a falta de civilidade de um modo geral, o individualismo sobre tudo, certo sentimento de “vim aqui para me arrumar”; tenho a sensação que somos todos americanos já nos dias atuais.

O mais recente filme de Clint Eastwood, “Gran Torino”, trata desta questão. O interessante é que o desfile desta América violenta é visto pelo olhar de um personagem conservador, racista e com o velho cabedal da direita republicana. O velho modelo dos guetos em conflito, a única saída para os rapazes através das gangues, uma juventude desrespeitosa e com absoluta falta de gentileza. A família é vista através daquela do próprio personagem: filhos individualistas e que perderam contato com o pai; netos aproveitadores, nora arrogante que faz mal ao sogro e pensa que apenas lhe quer o bem.

De qualquer modo se pensamos numa cultura própria, num país independente é chegada a hora de revisar o panorama geral das ruas, lojas e dos hábitos de consumo. Aqui no Rio o bairro da Barra da Tijuca tem escolas bilíngües (em inglês), as lojas anunciam em língua estrangeira, os carros se enfeitam com plásticos boçais sobre tal cultura. A meninada se comporta como um jovem de Miami ou de alguma cidade cenográfica de coca-cola e hambúrgueres. Aliás, uma grande parte toma a pequena poupança dos pais e com a desculpa de estudar inglês, vão passar o inverno ou verão por lá. Enquanto trabalham em parques e restaurantes, se divertem como a imitação de um americano médio.

Mas existe uma diferença: nos roteiros do cinema americano sempre está em questão a “segunda chance” e o respeito ao “meu trabalho”. Isso, diga-se pelo que se sabe até a crise do neoliberalismo arrastar empregos, renda, moradias e oportunidades. Na verdade ainda não chegaram por aqui os roteiros da crise. Virão? Como naqueles idos dos anos 30? Ou estão faltando escritores verdadeiros como John Steinbeck.

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