quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Couraça

Não lateja sofrimento em minha alma -
apenas um certo sumiço,
uma unha roída.

Vejo meu coração músculo enfadonho
zombar do sangue e bombear lágrimas.

Lamaçal distante de um cálice
permanece úmido no travesseiro.

Não se trata de angústia
a vergonha da própria solidão.

Afinal como pensar que sou só
cercado por tantas sombras e vultos?

Os objetos, as paredes,
os bichinhos domésticos
gargalham de tal embuste.

Agora deitado com as pernas e os braços cruzados
apenas descanso da presença dos meus ossos e da minha carne.

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