quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

a cauda do escorpião sorrateiro

Não te direi
que estou bem
que os meus olhos brilham
que mastigo com cuidado
que bebo água regularmente.
Direi apenas que escrevo feroz
com receio que a carne da presa acabe.
Tem tanta hiena por perto.
Abutres sobrevoam minha auréola.
Praticamente é Carnaval.
Vejo na baba que escorre
pelo canto da boca de Sátiro.
Como já mencionei,
nesse tempo de folia,
desço à masmorra
e planto flores
e adubo bem os jarros.
Não te direi que sofro.
Desconheço algo em meu peito
que não seja vazio.
E vazio, consultando meu Oráculo,
não é tristeza é uma espécie de dedo sem unha.
Ou coisa que o valha.
Se disesse que pressinto minha morte,
acreditarias?
Morte, conforme meu Oráculo,
não é vazio nem tristeza nem dedo sem unha.
Morte é um corpo baqueado,
sem vida e sem luz.
Mas com dentes rangendo
e urina saindo da bexiga
como pensar em morte,
não é, filha?
Não te direi
que estou bem
ou que estou mal.
Digo apenas que estou pastando enlouquecido
com medo que o verdejante pasto acabe.

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