segunda-feira, 1 de março de 2010

a estátua de Rodin

O meu destino é ser exímio açougueiro:
destrinchar versos.

A alma não tem nada a ver com isso.
Deixe-a quieta no seu sótão.

Vejo da varanda
a enorme lua cheia
bobona

à espera de um alfinete
ou uma unha.

Arrasto sobre os ombros
um dorso sangrando

e os pingos de sangue
espalhados pelo corredor

é a única forma do poeta
não esquecer o caminho de volta.

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