terça-feira, 13 de abril de 2010

Bocejos

Não sinto falta
nem saudades.

Sozinho me espera
a morte desdentada
com belo sorriso.

Puros românticos:
julgam a lua
senhora decente

sonham com estrelas
morrem de palpitações.

Doçura ser um tolo
(cínico, fingido)

qualquer gripinha à toa
xarope, chá, travesseiro quente.

Não penses que morro agora
ou que após o feriado
amanheço de ressaca.

Não, tolinha.

Sou um bruxo.
Ouviste?

Bruxo de causar espanto.
Bruxo por manter o equilíbrio
entre as duas pontas do cadarço.

Difícil é fazer o laço
(do tênis sujo)
com o olhar virado.

Vendo a lua.
Admirando as estrelas.

O coração apertado.
As muriçocas me beijando a canela.

Não sinto medo do escuro.
Quando criança minha diversão
adivinhar as sombras no teto.

Tolinha.
Tu me renegas porque sou bruxo.

Sei, sei
pois já lancei
sobre a toalha branca
os ossinhos de galinha
e as sementes de mucuna.

De fato sou um bruxo.
Bruxo de pisar calçada molhada.
Bruxo de abraçar poste e levar choques.

Queres me dar a mão?
Passo para tua alma o barato.

Nenhum comentário:

Postar um comentário