segunda-feira, 12 de abril de 2010

Comichão

Desejoso por coçar a micose
(palhaço) passo nitrato de isoconazol
a fim de ludibriar os pequenos parasitas.

Dá certo,
sinto-os morrendo
sedentos de felicidade.

A solidão vive para meus olhos
como decerto em outra vida
acordava eu para o vinho.

Meu prazer maior é saber
que sou tenro e fraco:

ora dia, ora noite
sensível por fumaças.

Digo que é loucura da mente.
Digo que é festejo da alma.

E não fujo.

Sigo com o olhar tristonho
a serpente,
o passarinho,
a borboleta.

Todos à casa do mestre.
Pecar.
Não há outra alternativa.

O mestre aconselha:
"pecai poetas
e sede frutíferos."

(cínico) provoco na poesia
nos seus objetos caseiros
e abstratos
muita fome.

E lá se perdem.

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