O Brasil formou-se com base num império, sob o manto da Igreja Católica e disciplinou-se como estratégia econômica e social nas famílias. E a fórmula deu certo para os interesses do mercantilismo Europeu e se adaptou razoavelmente bem à revolução capitalista. Só depois dos anos 30 do século XX é que o modelo começou a representar problemas para o desenvolvimento capitalista e isso provocou muito desarranjo na tríade desta estrutura.
O império naturalmente era o Português que se viu em plena estruturação do Brasil em vendavais de ilusões, mas que se adequou, balançando, apoiado na armada Inglesa que de alguma forma manteve a dicotomia reino e terra. Quando dizemos “manteiga da terra”, queremos dizer que existia uma “manteiga do reino” que vinha da corte européia. A matéria prima do Império Brasileiro do século XIX é inteiramente portuguesa na hereditariedade e inglesa nas finanças e comércio.
A igreja católica é essencialmente a portuguesa num primeiro momento, as ordens são centrais no manto que define as normas entre as pessoas e depois na formação e reprodução de uma elite local com base nos colégios e faculdades. Mesmo este manto também balançou, foi através dele que muitos ventos do capitalismo (republicano) nos chegaram e sob o qual muito das conspirações se construíram. Mas é bom se dizer, especialmente com a romanização da igreja, a influência passou a ser italiana e como tal muito mais centralizada, dogmática e até em contradição com a “montanha russa” da volúpia transformadora do capitalismo.
A família não é nobre. É de colonos, mas se estruturou a semelhança do poder local europeu, com base no valor e no poder da terra. Por isso é que usamos tanto a palavra cavalheiro, valores assentados no remoto feudalismo. Na música, nos folguedos de terreiro, nas festas, inclusive religiosas, há a reprodução deste poder familiar que estrutura a terceira parte do que seria o Brasil.
Hoje, em Paracuru, morreu o seu Chico do Adelino. Pai da Nair, uma história fantástica da influência da modernidade nas tradições remotas e isoladas das antigas praias cearenses. Seu Chico do Adelino era de uma doçura quando o conheci que fica mais fácil traduzir com o que se convencionou chamar-se santo. Ele era da elite de Paracuru, sua família era tradicional, mas tudo isso já havia sido superado pela nova classe média de Fortaleza que comprou a maioria das antigas casas da cidade e depois os terrenos mais belos. Talvez a doçura de lapidar a memória de um tempo superado estivesse neste meu sentimento.
A morte de Seu Chico me deixa menos cheio de Paracuru, mas resolve o dilema com o tempo: ele não pode se cristalizar em “pepitas do reino”. Até meus escritos lá se vão no batear da vida em busca de pedras preciosas como Seu Chico, mas o movimento acelerou-se: aquela trindade do início se transforma em outras coisas.
Império virou um imperativo de superação. A igreja católica é mais uma religião entre tantos e outros pensamentos a normatizar a vida entre as pessoas. O termo laico não só é um substantivo como se instituiu em coisas práticas. A escola pública, os serviços públicos ou privados superaram a unicidade da instituição igreja católica. Não para os católicos, mas isso é compreensível em toda religião. A família virou tese de nuclearização em sociologia para depois se politizar com o medo de que nem mais exista em breve tempo.
Seu Chico Adelino hoje faleceu e Paracuru perdeu uma referência histórica. No mesmo dia na Praça Central a filha de um francês com uma mulher da cidade, estará correndo na praça como todas as crianças de sempre o fizeram. Estará correndo, pois o espaço é apropriado, mas não é o mesmo o que se passa na hierarquia da mente daquela criança.
O império naturalmente era o Português que se viu em plena estruturação do Brasil em vendavais de ilusões, mas que se adequou, balançando, apoiado na armada Inglesa que de alguma forma manteve a dicotomia reino e terra. Quando dizemos “manteiga da terra”, queremos dizer que existia uma “manteiga do reino” que vinha da corte européia. A matéria prima do Império Brasileiro do século XIX é inteiramente portuguesa na hereditariedade e inglesa nas finanças e comércio.
A igreja católica é essencialmente a portuguesa num primeiro momento, as ordens são centrais no manto que define as normas entre as pessoas e depois na formação e reprodução de uma elite local com base nos colégios e faculdades. Mesmo este manto também balançou, foi através dele que muitos ventos do capitalismo (republicano) nos chegaram e sob o qual muito das conspirações se construíram. Mas é bom se dizer, especialmente com a romanização da igreja, a influência passou a ser italiana e como tal muito mais centralizada, dogmática e até em contradição com a “montanha russa” da volúpia transformadora do capitalismo.
A família não é nobre. É de colonos, mas se estruturou a semelhança do poder local europeu, com base no valor e no poder da terra. Por isso é que usamos tanto a palavra cavalheiro, valores assentados no remoto feudalismo. Na música, nos folguedos de terreiro, nas festas, inclusive religiosas, há a reprodução deste poder familiar que estrutura a terceira parte do que seria o Brasil.
Hoje, em Paracuru, morreu o seu Chico do Adelino. Pai da Nair, uma história fantástica da influência da modernidade nas tradições remotas e isoladas das antigas praias cearenses. Seu Chico do Adelino era de uma doçura quando o conheci que fica mais fácil traduzir com o que se convencionou chamar-se santo. Ele era da elite de Paracuru, sua família era tradicional, mas tudo isso já havia sido superado pela nova classe média de Fortaleza que comprou a maioria das antigas casas da cidade e depois os terrenos mais belos. Talvez a doçura de lapidar a memória de um tempo superado estivesse neste meu sentimento.
A morte de Seu Chico me deixa menos cheio de Paracuru, mas resolve o dilema com o tempo: ele não pode se cristalizar em “pepitas do reino”. Até meus escritos lá se vão no batear da vida em busca de pedras preciosas como Seu Chico, mas o movimento acelerou-se: aquela trindade do início se transforma em outras coisas.
Império virou um imperativo de superação. A igreja católica é mais uma religião entre tantos e outros pensamentos a normatizar a vida entre as pessoas. O termo laico não só é um substantivo como se instituiu em coisas práticas. A escola pública, os serviços públicos ou privados superaram a unicidade da instituição igreja católica. Não para os católicos, mas isso é compreensível em toda religião. A família virou tese de nuclearização em sociologia para depois se politizar com o medo de que nem mais exista em breve tempo.
Seu Chico Adelino hoje faleceu e Paracuru perdeu uma referência histórica. No mesmo dia na Praça Central a filha de um francês com uma mulher da cidade, estará correndo na praça como todas as crianças de sempre o fizeram. Estará correndo, pois o espaço é apropriado, mas não é o mesmo o que se passa na hierarquia da mente daquela criança.
Zé do Vale
ResponderExcluirVocê sintetizou muito bem, com a contextualização histórica e econômica,o papel da igreja católica em nossas plagas. Graças a Deus (não importa de que religião) o monopólio da igreja católica vem sendo velozmente erodido no nosso país. Fomos colonizados por Portugal da inquisição mas não é o Brasil que vai se tornar um imenso Portugal (país que durante muito tempo viveu isolado do resto da europa o que resultou no conservadorismo exacerbado de suas velhas gerações). Portugal é quem vai se tornar um minúsculo Brasil. Com suas misturas, mestiçagens e sua diversidade de credos , entre outras coisas. A nova geração portuguesa tenta se desvencilhar desse passado conservador muito bem representado por suas mulheres bigodudas e de preto. Como disse em outro comentário não adianta reclamar pro bispo. Ele cada vez tem menos poder nas coisas do estado e deve estar se precavendo das novas acusações de pedofilia que sempre vão pipocar por aí. Tentar impedir a vida sexual dos s padres e freiras através do celibato só os empurra para essa sexualidade debaixo das batinas (palavra que as novas gerações já não sabem o que significa).