domingo, 4 de abril de 2010

Pequeno Príncipe

Guardo os brinquedos do meu filho
com o cuidado de quem encaixa
um coração transplantado.

Pulseirinhas, carros, ímãs.

Contemplo seu sorriso,
sua candura -

a beleza acordada
lavando o rosto
brilhante.

Meu filho me olha
(nunca vi de outra forma)
com os olhos sorrindo:

nos olhos do meu filho
tem um eterno sorriso
de sábio,
moleque.

Sempre ao se despedir
desse velho pai poeta
meu filho assopra
um código mágico:

"te amo mais que tudo na vida..."

Uma lágrima brinca
na palma do cílio.

O milagre tem o meu sangue
tem a minha carne.

Repito baixinho
várias vezes
até entrar no ônibus.

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