Guardo os brinquedos do meu filho
com o cuidado de quem encaixa
um coração transplantado.
Pulseirinhas, carros, ímãs.
Contemplo seu sorriso,
sua candura -
a beleza acordada
lavando o rosto
brilhante.
Meu filho me olha
(nunca vi de outra forma)
com os olhos sorrindo:
nos olhos do meu filho
tem um eterno sorriso
de sábio,
moleque.
Sempre ao se despedir
desse velho pai poeta
meu filho assopra
um código mágico:
"te amo mais que tudo na vida..."
Uma lágrima brinca
na palma do cílio.
O milagre tem o meu sangue
tem a minha carne.
Repito baixinho
várias vezes
até entrar no ônibus.
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