domingo, 18 de abril de 2010

vento e areia

Estes versos
para você
que acredita
nas fisionomias
das nuvens
e no místico caminho
das formiguinhas.

Você que é simples
portanto sábia
sorri feito criança
e logo mergulha
nos mistérios naturais
da alma.

Você acostumada
com sua sabedoria
talvez não entenda
por que as coisas boas
da terra e dos céus
caem aos seus pés
antes pousam
sobre sua cabeça.

Você é muito linda
sem um pingo de vaidade
alcança estrelas
ainda recém-nascidas
abre janelas invisíveis
e nada diz e por nada confessa
os seus mágicos atributos.

Você é rara.
Uma preciosidade.
Uma tábua de madeira antiga.
Um pedaço de escrita reveladora.

Ao seu redor as flechas cruzam
mas ao longe nunca lhe tocam.
Acima do seu corpo brilha uma luz.
Debaixo das suas sandálias a terra canta.

Você é uma mulher encantada.
Não se aprisiona pelas unhas.
Tampouco pelos cabelos.

Ao acordar e ao dormir
seus sentimentos apurados
seus sonhos resguardados
abençoam-lhe o dia
e lhe benzem a noite.

Você é inacreditável.
Altíssima.

Não se deixa sofrer pelas mágoas
dos vizinhos da miséria
tampouco pelas ofensas
dos soberbos.

Contemplo suas mãos estendidas.
Abertas.

Um naco de rapadura.
Uma fruta.
Um conselho
e um puxão de orelha.

Bela. Humilde.
Sensata. Esotérica.

O seu sorriso vejo agora
em cada verso.

Não se engane:
você é palpável.

Afago-lhe o rosto.
Outro sorriso.

Não choverá nem fará sol.
Assim a manhã sem tempo formal.

Uma manhã que lhe pertence
muito mais que ao poeta
ou aos pássaros.

Uma manhã que é o seu silêncio.
O seu silêncio.

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