domingo, 18 de abril de 2010

haste de bambu

Meu estado de plenitude
dura enquanto o corpo
não sente.

Se percebe,
pronto:
é o fim da graça.

Ânsia de vômito.
Dores de cabeça.

Mesmo sóbrio
(sobretudo sóbrio)
os sentidos renegam
o milagre.

Fica na língua
aquela vontade
aquela nódoa

uma tosse
que não passa
nem sai dos pulmões.

Por isso nunca
penso além dos sonhos
ou digo que conheço a felicidade.

Os sonhos, couro de sapo.
A felicidade, o sal lançado sobre.

Meu estado de plenitude
existe enquanto o corpo
dorme.

A alma desperta é a única presença.
Mas basta que sua forma se reflita,
pronto: é o fim da graça.

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