Vejo um hematoma invisível
no meio da minha testa.
Sinal sagrado
da santa loucura.
Houve tempos mais estranhos:
beija-flor pela casa,
paredes rabiscadas
por Picasso.
O majestoso inferno da poesia
é um tesouro de pouco valor.
O mundo vive sem seu brilho.
Os entes sobrenaturais indiferentes.
Os versos importantes
apenas para quem os escreve.
A baba escorre da boca entreaberta.
A alma dá pulinhos um adolescente.
Às vezes um espírito penado
derrama uma lágrima
sente-se enamorado.
Mas é raro.
Normalmente quem lê
deixa claro a perda de tempo.
Lê o poema confessando a si mesmo:
"não sou tolo, não sou tolo, não sou tolo..."
Ou quando se arrebata
é tão rápido o êxtase
quanto o gozo
de um coelho.
Medo.
Pavor de ser tragado
pelo sombrio pântano.
De fato causa pânico
um matagal do qual
escapa juntamente
tigre,
serpente,
borboletas.
Se eu não escrevesse versos
certamente seria um covarde.
Escrevo, e apesar da escrita,
sou um covarde.
Imagino aquele que se sustenta
sonhando com suas estrofes
dentro da gaveta.
A temer o abismo.
Tentando de todas as formas
regular o juízo um tanto capenga.
Este hematoma no meio da testa
lembro-me quando surgiu.
Do nada.
Do Vazio.
A partir desse tombo
enlouqueci de vez.
Pelo menos foi de um tombo...e eu que nem desculpas tenho de ser maluca que as vezes coragem tenho de escrever minhas loucuras, depois que li seu poema, fui procurar em minha cabeça algum calombo que estivesse por lá escondido, não é que descobri por não tenho cabeça chata mesmo tendo nascido no Ceará? Pois é que o calombo deixou a cabeça redonda...
ResponderExcluirMaria Írismar Pereira