quinta-feira, 3 de junho de 2010

Is Paris Burning? - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Se foi apenas ficção de um roteiro cinematográfico, não interessa. Nele consta que na aproximação das tropas aliadas, a resistência francesa se rebelando, Hitler teria mandado incendiar Paris. O ódio destilando corrosão sobre a beleza, a cultura, a civilização. A inveja de Caim sobre Abel.

Sabotem todos os sambas,
Não reste um baião sem gás de mostarda,
A cada centímetro da Aquarela do Brasil,
Sejam enterrados minas terrestres.

Enviem patrulhas nas aldeias indígenas,
Escoem em seus esôfagos o líquido negro da Coca-cola,
Que seus pâncreas degenerem em Diabética erosão,
A calça jeans cozinhe seus testículos naturais.

Agora mesmo,
bananas de dinamite,
Entrelaçadas nas pernas amplas das mulatas,
Que nenhum cheiro delas se espalhe,
A não ser a pólvora demolidora.

Rasguem as fantasias do carnaval,
Infiltrem cada alegoria com adereços estrangeiros,
Uma guitarra reverberando a marcha fúnebre,
Da última expressão da alegria espontânea.

Peguem a espada de Herodes,
Mas não separem as cabeças do corpo,
Apenas esvaziem o conteúdo de suas mentes,
Restando bocas de zumbi
a consumirem multinacionais.

Não deixem uma única mulher com amor,
Pois ele é a semente do futuro,
Cada jura é de permanência e eternidade,
E antes de terminar o dia,
Elas também findarão.

No limite da ação façam uma pira de negros,
Junte os mamelucos,
os niseis,
os caboclos do amazonas,
Os vaqueiros do nordeste,
o gaúcho
e o mulato do litoral,
Minas, São Paulo e Matogrosso, Paraná e Roraima,
Toque fogo,
deixe tudo em cinzas.

E como um avião de propaganda, uma bandeira americana:
IS PARIS BURNING?.

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