quinta-feira, 22 de julho de 2010

Dos grifos

Assinalar como inconfundível
A trapaça da presença camuflada
Das gruas ante o pulo dos desesperados

Assinalar como irrefutável
A carcaça da ausência alimentícia
Do microondas bipolar posto na sucata

Assinalar como imensurável
A velha rua que sobrevive ao eterno
Apenas com verdades banais

Assinalar como praticável
Tudo aquilo que se destitui facilmente
Das qualidades essenciais

Assinalar como insuportável
A falta de subversão na resistência
E no formol da organização cultural

Não esquecer jamais
Que a verdade é a maior entre
As maiores sabotagens da ciência

4 comentários:

  1. Meu camarada, lembrei-me da "licença poética" seria uma falastrona sabotagem do poeta? Um forte abraço.

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  2. Um abraço, grande poeta, de certo a famosa "licença poética" é uma sabotagem.

    Mas, de fato, a própria vida não seria uma sabotagem? Diz Samuel Becket que sim, já Manuel Bandeira tem um jogo de claro e escuro a esse respeito que é formidável.

    O que diria então Geraldo Urano, Wilson Bernardo, The Lupas, o poeta Carlos Rafael e o chargista Lupin, o filósofo José do Vale, o escritor José Flávio, o vendedor de sonhos...

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  3. Sempre um prazer ouvi-lo,
    poeta. Em janeiro haveremos de beber
    aquele vinho de bodega ou um cafezinho quente. Forte abraço.

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  4. assinalar como insofismável
    a poesia regurgita
    seus versos na nossa cara.
    (perdoem-me que não sou poeta. sou apenas um voyeur das artes).

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