CONTO DE FADAS
era uma vez um ogro que comia
suas próprias entranhas, seus humores,
seu asco à vida eterna e aos vãos louvores
com que a turba, sem trégua, o enaltecia.
comia tudo o que, entre estertores,
nele acordasse o sonho e a fantasia.
e até da alma dizem que comia
o que ela tinha de imortais fulgores.
poupava apenas umas tíbias cores
da infância que, distante, se esvaía,
como o brinquedo que lhe deu um dia
quem depois o furtou nos bastidores.
era uma vez um ogro que podia
ser a um só tempo o êxtase e a agonia.
(ivan junqueira)
(postagem dedicada ao amigo-poeta
DOMINGOS BARROSO )
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