Nunca disse ser sensato,
puro, angelical.
Sempre me referi às minhas asas
como de fogo.
Meu coração, sim, é um poço
de tanta candura que chega
a encher-me o saco.
Mas é o meu coração.
Amo-o como amo os vizinhos,
os pássaros e sobretudo
as minhas formigas.
Não penses que não tenho
o diabo no couro, o tridente
segurado pela mão direita
e os olhos vis.
Trago comigo toda a loucura
(muitas vezes nada de santa)
que a maioria esconde
debaixo do tapete
ou dentro do guarda-roupa.
Sob meu tapete não há migalhas
de perdições, pois o meu tapete
(mesmo sem meu consentimento)
voa e voa rápido derrubando tudo
que encontra na sala: tem predileção
por fruteiras de cristal.
Já o meu guarda-roupa
quando me abre as portas
só vejo bailando minhas cuecas
(tenho à beça) .
Nunca te disse que sou coerente.
Meu coração (segredo) também
promove íntimas rebeliões:
passa dias sem doar sangue
aos músculos dos meus dedos.
Chegam a ficar roxas as unhas.
Então é o jeito eu roer e roendo
e roendo as unhas acabo pensando
nas tuas unhas e no último desenho.
Achei bela a pintura de estrelas
e cavalos-marinhos.
Não laves as mãos.
Nunca mais laves as mãos.
puro, angelical.
Sempre me referi às minhas asas
como de fogo.
Meu coração, sim, é um poço
de tanta candura que chega
a encher-me o saco.
Mas é o meu coração.
Amo-o como amo os vizinhos,
os pássaros e sobretudo
as minhas formigas.
Não penses que não tenho
o diabo no couro, o tridente
segurado pela mão direita
e os olhos vis.
Trago comigo toda a loucura
(muitas vezes nada de santa)
que a maioria esconde
debaixo do tapete
ou dentro do guarda-roupa.
Sob meu tapete não há migalhas
de perdições, pois o meu tapete
(mesmo sem meu consentimento)
voa e voa rápido derrubando tudo
que encontra na sala: tem predileção
por fruteiras de cristal.
Já o meu guarda-roupa
quando me abre as portas
só vejo bailando minhas cuecas
(tenho à beça) .
Nunca te disse que sou coerente.
Meu coração (segredo) também
promove íntimas rebeliões:
passa dias sem doar sangue
aos músculos dos meus dedos.
Chegam a ficar roxas as unhas.
Então é o jeito eu roer e roendo
e roendo as unhas acabo pensando
nas tuas unhas e no último desenho.
Achei bela a pintura de estrelas
e cavalos-marinhos.
Não laves as mãos.
Nunca mais laves as mãos.
Maravilha, Domingos. Só pelo Título, já vale um grande abraço, e ainda mais o restante do poema!
ResponderExcluirAbração,
DM
O sax é mágico,
ResponderExcluircamarada!
(o de Trane, hein?)
Forte abraço.