quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Tenho Saudades do João Roberto - José do Vale Pinheiro Feitosa

Tenho saudades do João Roberto. De sua força telúrica. Sua rebeldia em todos os lugares que frequentava. Quantas vezes foi expulso da sala de aula pois não se adequava à pedagogia do ensino e você aprende ainda com com as sombras da palmatória.

O João Roberto cresceu o mesmo. No início da vida adulta era igual ao que fora em criança. Não suportava a "ordem" de uma cidade provinciana, arraigada às famílias tradicionais e a um conservadorismo que desmanchava e se abalava com um simples homem cabeludo ou com as canções ainda melosas, mas mobilizadoras, como os Beatles.

Como naquela época, era comum, as pessoas que chegavam ao segundo grau e a família tinha posse, ia para alguma capital nordestina estudar. E ele foi. O perdi de vista. Foram os anos fundamentais na vida estudantil nacional e no mundo todo. Aquele período que está marcado na história como o símbolo de um determinado ano: 1968.

Então vida que vai e estou num ônibus em Fortaleza e me reencontro, lá no último assento do ônibus o João Roberto sozinho. Ele responde à minha exuberância alegre do reencontro com mais expressão no rosto do que no gestual de braços e corpo.

João Roberto era perseguido pelo regime Militar. Estava clandestino e o reencontrei por acaso. Como um agente poderia tê-lo reconhecido. Conversamos sobre a situação, ele me disse o que acontecia e tempos depois soube que tinha ido para o Uruguai e morrera com um uma neoplasia ainda no início da vida.

Estou falando de João Roberto Pinho. Um conterrâneo e comtemporâneo que me orgulha tê-lo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário