Noto que as ideias formam blocos parecidos com a evaporação que forma as nuvens no céu. À medida que essa formação das ideias ganha densidade, tende a produzir palavras e ações. Quais as nuvens carregadas de água da evaporação, as ideias também resultam em resultados novos. As nuvens, na chuva. As ideias, nas palavras e atitudes. Quando chovem, as nuvens perdem suas características iniciais e, já na terra, criam os córregos, rios, reservatórios e mares. As ideias, colhidas pelos que ouvem e leem, geram outras ideias, ações, e seus frutos. No andar de tal raciocínio, lembrei dos versos de Castro Alves, no poema “O livro e a América”, quando dizer: “O livro caindo n'alma / É germe - que faz a palma, / É chuva -- que faz o mar”.
Veja só aonde vou chegar neste raciocínio de agregação das águas em nuvens e das ideias em palavras e praticados. Derivo a considerar o efeito multiplicador da moeda, que antes era só uma ideia, hoje assunto técnico de economia, e aspecto importante das transações sociais. A moeda que gira, e o mundo gira com ela. Lá nos primórdios, quando ela ainda não existia, se dava o contrário, o mundo apenas girava, e a moeda dormia no celeiro inocente das ideais.
Nasceu o dinheiro, inventado, ou descoberto fruto da necessidade das pessoas, ocasionando todo movimento conhecido de portos e navegações, indústrias e mercados. Indústria, comércio, serviços. Patrões e operários.
O dinheiro existe para ser utilizado. Dinheiro guardado representaria água retida, sujeita à estagnação. A poupança pública, tão decantada no tempo do presente, por exemplo, trabalha em mãos dos bruxos financeiros, a fim de gerar a riqueza dos povos e das nações.
Essa moeda, que pode ser de papel, de metal ou, apenas, de números escriturados nas contas das instituições, circula e multiplica a riqueza que representa. Este o denominado “efeito multiplicador da moeda escritural”, estudado nas academias, quando pagamentos e recebimentos passam a acontecer por meio da multiplicação do uso do dinheiro e representa o maior volume da riqueza em circulação nos mercados mundiais.
Bom, cheguei enfim ao instante contar do que me trouxe nesse encaminhamento.
Isso, de falar na lei de acumulação de águas, ideias e moedas, em que funcionam os barcos da coletividade. Ainda que, por vezes, achemos que há dinheiro escuso, mal ganho, sujo, capital não tem pátria, nem mortalha tem bolso, na voz da experiência. Enquanto corrompidos costumes políticos, morais, econômicos, financeiros, ainda assim a riqueza segue seu curso na história e a vida continua. Visto que leis maiores a tudo isso regem, dentro da mais sábia das ordens universais de todos os acontecimentos, aqui nos achamos, sim, no firme propósito de salvar as nossas consciências.
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