A novidade (imoral e amoral), no tabuleiro político cearense nos dias que correm, são os recorrentes “balões de ensaio” e “notinhas” de rodapé de pagina que começam a proliferar nos jornais da capital, produzidos de forma orquestrada por alguns obedientes e amestrados “colunistas sociais” tupiniquins, lançando o nome de Lívia Sabóia Gomes (filha do Ciro Gomes), como possível candidata à Prefeitura de Fortaleza nas próximas eleições, em 2012 (isso, faltando quase dois anos para o pleito).
Por tratar-se de uma neófita (nunca recebeu um voto sequer na vida), à primeira vista parece tratar-se de uma brincadeira, mas não o é, devido à insistência, à forçação de barra e à teimosia com que o processo é acalentado e gestado. Por isso, tirante à inusitada surpresa, impõe-se, desde já, a pertinente indagação: já não estaria na hora de se acabar com essa “história pra boi dormir” de que, na política, fulano de tal “herdou o DNA” de beltrano, de que, “corre em suas veias o gene político do pai ou da mãe”, ou ainda que, o “peso da hereditariedade” há de funcionar e servir necessariamente de passaporte para que tais espécimes (desprovidos de conteúdo, despreparados e, consequentemente, desempregados), pousem maquiavelicamente de pára-quedas na concorrida arena política, à busca do ganho fácil ??? Em termos de Ceará, por exemplo, o “roçado” (para usar o linguajar do pai da distinta) é por demais produtivo, já que temos aí o Domingos Filho, o Gony Arruda, a Lívia Arruda dentre outros, e, principalmente, toda a família Ferreira Gomes, lá de Sobral.
A verdade, e não é preciso se ser nenhum gênio ou expert político pra constatar isso, no Brasil, de uns tempos pra cá, o exercício da atividade política transformou-se numa acirrada e concorrida disputa pelo almejado “emprego”, rentável e muito bem remunerado: um deputado estadual, federal ou um senador, todos sabem, fatura muito acima de 100 mil reais por mês, fácil, fácil, afora outras mordomias, além da possibilidade de exercício do asqueroso tráfico de influência, em benefício próprio, evidentemente. Certamente que em razão disso, a providência primeira dos espertalhões de discurso fácil, quando ungidos ao poder pelo voto popular, é tratar de acomodar na “política” aqueles familiares que, sem nenhuma vocação ou disposição para o trabalho, não conseguiram adquirir o famoso capital intangível - “bagagem e conhecimento” - suficientes para, por exemplo, obter aprovação em algum concurso público (por emblemático, nos fixemos nos sobralense Ferreira Gomes: afinal, o Cid é engenheiro civil, o Ivo é advogado, a Patrícia, pedagoga, a Lívia, estilista, mas... por um dia sequer já exerceram, ou foram aprovados ou sequer testados, na nobre profissão que escolheram ??? Já colocaram a mão na massa ???).
Onde uma figura apagada como a Patrícia Sabóia (ex-Gomes, ex-vereadora, ex-senadora, ex-candidata à prefeita da capital e atual deputada), arranjaria emprego, público ou privado, que lhe permitisse faturar o que fatura na atividade política (e já há dezenas de anos) simplesmente por escorar-se e ancorar-se no prestígio do marido falastrão ??? Substantiva e pragmaticamente, se analisarmos com critério, parcimônia, seriedade e imparcialidade a sua atuação, qual seria mesmo o produto resultante da relação “custo/benefício” entre a montanha de dinheiro percebido na sua longeva e improfícua atividade parlamentar, e o seu pífio desempenho ???
Ante tal constatação, afigura-se-nos de uma inconsistência a toda prova tentar justificar que o filho de um político necessariamente tenha que militar na política (dentro daquela “lenda” de que “filho de peixe peixinho é”), daí posicionarmo-nos radicalmente contra a que se “presenteie” uma neófita como Lívia Ferreira Gomes (que nunca na vida deu um prego numa barra de sabão) com um “empregaço” desses, simplesmente pro ser filha de quem é.
Portanto, parodiando e homenageando os tais “colunistas sociais”, bola preta, não, bola prestíssima, para aqueles que desfraldam tal bandeira.
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