Quando alguém diz: esse aí conheço desde menino, a depender do assunto que corre e do tom da palavra, coisas muito diferentes podem ser tidas. Uma que conheço os podres do sujeito e outra que sei do berço e dos bons modos dele.
Taí, pois bem, eu conheço o Zé Flávio desde menino. E é hoje o que foi em menino, juntando muito mais ossatura do conhecimento, é claro. O que foi em menino é uma história que vem tirando fornadas de muito neste chão do nordeste brasileiro. Somos pobres, mas, não sei bem qual a vantagem disso, mas orgulho é orgulho, a caatinga é o único bioma genuinamente brasileiro. Pois Zé Flávio é brasileiro desde as folhas secas do verão até a nevasca verde do inverno.
Matosinho é como a terra mágica do velho Vicente Vieira. Eu esqueci o nome viu Zé, mas quando lembrava é por que ela era repetida o tempo todo. E Matosinho tem a narrativa que estava em Antonio, Manoel e no casamento a contragosto familiar da Laís. Matosinho não é um besteirol de dente escancarado do fácil riso: ele tem uma tensão desgraçada. Uma tensão que é essencialmente política.
O Zé Flávio tem lado político e é profundamente político. Talvez tenha tomado excesso de leitura e dedicação à medicina, pois sempre foi uma promessa de bom tom para a prefeitura do Crato. Não sei se ganharia as eleições, mas isso não é o mais importante, o caro para a cidade é ter alguém como o Zé propondo políticas públicas. O certo é que a situação do governo é sempre uma pauta ideal da oposição. Claro até que oligarquias se fundam e passam a manipular e atrasar o conjunto da sociedade.
Peguemos esta Mudança de Generéia. Encontramos a superação de uma sociedade que lentamente foi sendo invadida pelos artefatos e hábitos da segunda metade do século XX. Iremos, com humor, encontrando a corrida de todos em busca do chamado “progresso”. Agora ter as coisas do mundo exterior é o quente para o íntimo de Matosinho. E não ter é não ter conquistado o “progresso”. Por isso o faz-de-conta de Generéia. É mais importante a versão do que a realidade dos fatos.
Nada mais político do que isso. Mas, afinal, se tem uma coisa que a pós-modernidade ainda não “desconstruiu” é o fato que a cultura é o conteúdo da política. Todo “agente” da cultura deve refletir sobre tal aspecto. Quando pensa em ser apenas um isento artista, ou isento pensador, ele tem a posição política do status quo.
Matosinho está de mudança como Generéia.
Agradeço ao Zé do Vale de coração pelo texto tão bonito que já copiei aqui nos meus alfarrábios, para futuros releases. Une-nos uma amizade que vai além da consangüinidade, criados próximos , somos praticamente irmãos. Assim as avaliações que fazemos de um a outro, certamente carregam consigo a inevitável licença poética da parcialidade. Sei que , no fundo, ele percebe perfeitamente que os textos meus, na grande maioria, são políticos em essência. Mesmo quando debando para o escracho( e facilmente escorrego nesta casca de banana). Sei que no fundo estou apenas repetindo uma história tirada das 1001 noites nordestinas e que já vinham sendo contadas por várias Sharazades : o velho Vicente Vieira, o velho Manoel Vieira( I e II), Liborinho, Zé do Vale pai, Tio Zé vieira e muitos, muitos outros. Politicamente, também, sempre estive bem atuante, muitas vezes indiretamente, sei e continuarei a fazê-lo, acredito que esta geração tem uma grande contribuição a dar para melhoria do lugarzinho onde vivemos. Agora, falta-me vocação para o varejo da política partidária. Como prefeito de Matozinho já tenho me desdobrado mais do que posso. Um grande abraço ao irmão Zé do Vale e a tantos outros amigos e companheiros de lutas e embates.
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