sábado, 18 de junho de 2011

O PSDB e o futuro do Estado - José do Vale Pinheiro Feitosa

Não tem como sair pela tangente: os problemas econômico-sociais resultam de um efeito cumulativo histórico. Um dia conversando com Carlile Lavor, um grande quadro do PSDB do Ceará, muito ligado ao Tasso Jereissati e à direção do partido, ele me contava como fora impactado positivamente a saúde pública do Estado apenas com oferta de água limpa para as populações. A mortalidade infantil e o programa de Agentes Comunitários de Saúde estarão para sempre associados ao currículo do Carlile e por tabela ao do governo Tasso.

Este aspecto virtuoso a demonstrar o quanto o Ceará vinha de uma situação calamitosa durante quase todo o século XX, - isso começou a modificar-se apenas nos últimos 20 anos daquele século - , serve para acrescentar os limites de toda política que não amplie outros recursos sociais e a renda familiar. Aí a porca torce o rabo: para combater o adversário petista, o PSDB migrou para um “udenismo” moralista a fazer muxoxo contra a política de transferência de renda para os mais pobres.

O problema deste discurso é o imobilismo que transmite, além de abandonar um caminho de mudança virtuosa a que já tinha experimentado. Uma burrice cavalar, pois todo partido político que abandona o seu melhor caminho, trai a si mesmo. Quando embarcaram na ode da globalização, pensaram apenas nos grandes projetos industriais, valorizaram o crescimento do litoral, esqueceram do caminho virtuoso.

Nesta semana o IPEA, com a participação do Banco do Nordeste e técnicos do governo estadual levantaram o mapa da pobreza extrema no Estado. OS resultados são os seguintes: “10% da população cearense está abaixo da linha nacional da miséria (renda inferior a R$ 70 por pessoa), o dobro da média nacional (5%). Essa proporção, no entanto, vem caindo nos últimos anos. Em 2004, os mais pobres eram 18% no estado. A maioria vive na área urbana (56%) e em pequenos municípios (76%). O peso do Programa Bolsa Família na renda média dos cearenses extremamente pobres mais que dobrou entre 2004 e 2009. Hoje 43% da renda monetária dessas famílias vêm de repasses do programa. Apesar da melhoria na renda, ainda é precário o acesso a serviços públicos como o saneamento básico. 77% dos mais pobres do estado não tem acesso à rede de água e esgoto adequada.

Isso vem a propósito das inúmeras manifestações de pessoas simpatizantes do PSDB no Ceará a repetir o chavão do Bolsa Miséria e, principalmente, pela manifestação recente do Líder do PSDB no senado, senador Álvaro Dias no Programa Roda Viva da TV Cultura de São Paulo, além do ex-candidato José Serra a falar do assunto. Um partido do porte social democrata como o PSDB jamais deveria ter adotado uma linha política atrasada como esta.

Na próxima semana o seminário irá mostrar outra situação extremada: a do Maranhão. Mas aí o quadro é de uma oligarquia política atrasada, sobre a qual pode se recair toda a explicação. Não poderia recair era sobre o PSDB do Ceará, que já foi um dos mais progressistas nos anos 80, especialmente quando em luta contra os velhos coronéis. Isso sempre me leva a crer que os dois governos FHC com as bandeira liberais, arruinaram historicamente o PSDB.

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