terça-feira, 25 de outubro de 2011

O "golpe do calendário" - José Nilton Mariano Saraiva

Não se trata de nenhuma descoberta da pólvora: pra que haja desenvolvimento, em qualquer cidade que se preze (ou numa comunidade minimamente organizada), a geração de emprego e renda é uma premissa básica, obrigatória; assim, se o seu gestor maior (prefeito, líder ou coisa que o valha) não conseguir atrair investidores particulares em potencial (através da oferta de certas facilidades – doação de um terreno, por exemplo - ou isenções tributário-fiscais para que se instalem no município), ou até mesmo cair na besteira de entrar em conflito com o governo do Estado, a tendência é que se processe um esvaziamento progressivo daquela localidade. Verdade ou mentira ??? Certo ou errado ???
E aí, o próprio poder municipal tende a, obrigatoriamente, funcionar como uma espécie de imenso guarda-chuva gerador de emprego e renda, através das suas diversas secretarias (cada uma com uma atividade específica, evidentemente), a fim de que o cidadão (munícipe/empregado) tenha condição de pelo menos fazer a “roda girar” (ou seja, “consumir”, a fim de que a economia não entre em colapso). Verdade ou mentira ?? Certo ou errado ???
Pois bem, meses atrás, exatamente nessa época do ano (vésperas do Natal/Ano Novo), sob a alegativa da premente necessidade de enxugar a máquina (ou podar seus custos), a prefeitura da cidade do Crato resolveu presentear quase trezentas (300) pessoas com um mimo inusitado: o “bilhete azul” ou demissão sumária, sem choro nem vela (assim, pais de família de repente ficaram sem condição de sequer comprar o presente de Natal da garotada, além do comprometimento do próprio ganha pão diário). Verdade ou mentira ??? Certo ou errado ???
Estranhamente, hoje, embora não se tenha notícia de que a prefeitura do Crato haja conseguido agregar novas fontes de renda (além das tradicionais dotações orçamentárias), a administração municipal do Crato anuncia a abertura de um concurso para preencher, coincidentemente, cerca de 300 vagas nos quadros da prefeitura.
Agora, observemos um “pequeno-grande detalhe” (mas de suma importância) em tudo isso: as inscrições para o tal concurso serão realizadas já nesse final de ano (nov-dez/2011); como, de praxe, as provas deverão se realizar três meses após as inscrições (aí pelo mês de março/2012); a terceira etapa, da divulgação do resultado, normalmente se dará entre 60/90 dias depois (final de junho/2012, aproximadamente); e então, a prefeitura estará apta a convocar os aprovados a tomarem posse (a partir de julho/2012).
E aí é que pinta no pedaço o tal do “golpe do calendário”: todo mundo tá careca de saber que em outubro/2012 se realizará a eleição pra escolha do sucessor do atual mandatário (após uma sofrível administração), que quebrará lanças pra eleger o respectivo afilhado. Convocando (ou dando emprego) às vésperas da eleição, a 300 pessoas, teoricamente o ungido se beneficiará de tal handicap (obterá mais votos), mesmo que ele mesmo não saiba como ou o que fazer pra arcar com os imensos custos futuros (e se o vencedor for um oposicionista, que se vire pra desativar essa autêntica “bomba-relógio”).
Como se vê, a desfaçatez e irresponsabilidade imperam na arena política: lá atrás, a prefeitura do Crato mandou para o olho da rua cerca de 300 pessoas e, agora, às vésperas de uma eleição, e na tentativa de se beneficiar eleitoralmente, abre concurso pra preencher exatamente as tais 300 vagas (mesmo que suas receitas não tenham tido nenhum acréscimo), desde que consiga que os desavisados sufraguem seu candidato. Quando o povo irá acordar ???

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