quarta-feira, 25 de abril de 2012

A Ameaça de HAL - José do Vale Pinheiro Feitosa

O jornalista Pedro Dória publicou no jornal O Globo uma coluna em que noticia a automatização do texto escrito para jornais. O peso do assunto se deve ao fato de que textos poderiam ser produzidos por computadores sem a participação do ser humano. De algum modo nos remete ao medo de que as máquinas, inventadas pelos humanos, os substituam com maior eficiência num futuro próximo.

No filme 2001 uma odisseia no espaço Stanley Kubrick aborda o assunto de um modo angustiante, em longas e lentas cenas. A luta entre a máquina e o ser que o inventou. O cinema tem espalhado este “conflito” na cultura. Não é sem razão que aquele recente episódio da queda do avião da Air France indo do Rio para Paris, tenha tido um peso importante na crítica da automatização substituindo pilotos nas aeronaves do padrão Air Bus.

A considerar a realidade o problema é maior do que se imagina, não exatamente naquilo que a moda cultua. A questão central se encontra no modelo produção, distribuição e consumo de bens econômicos. Este fluxo sustenta-se na dualidade capital e trabalho. Na verdade o terceiro elemento a que se atribui como consumidor só existe no fluxo se houver renda para consumir e a renda principal é formada pelo trabalho, de modo que não existe a terceira categoria de consumidores solta no espaço independente daquela dualidade.

A automatização amplia enormemente a capacidade de análise de dados estatísticos e eventos sistemáticos da sociedade, mas a robotização junto com o futuro próximo da impressão em 3D, os novos materiais e a nanotecnologia prometem inovação, mas apontam para o desemprego geral e para a ociosidade em termos de trabalho.

Aí é que a cultura capitalista, bem consolidada nos países avançados, como é o caso do grande produtor da cultura dominante, especialmente nas mídias, incluindo o cinema e a televisão, os EUA sentem-se ameaçados. A estrutura capitalista não responde a mudanças dessa natureza. A automatização e a terceira onda produtiva, nascida com a revolução industrial, parece atacar muito mais tais arranjos da supraestrutura do que toda a ideologia que a combateu nos últimos séculos.

Afinal ao ler-se a matéria do Pedro Dória o que mais salta não é a substituição do humano pela máquina, é a potencialização da capacidade de analisar estatísticas através de programas de computação. Nada muito diferente do que são os laudos médicos, especialmente aqueles oriundos da diagnose tanto por imagens como por análises laboratoriais. Isso sem falar em toda área da engenharia, das ciências da terra, da física e assim por diante.
   

Nenhum comentário:

Postar um comentário