O jornalista Pedro Dória publicou no jornal O Globo uma
coluna em que noticia a automatização do texto escrito para jornais. O peso do
assunto se deve ao fato de que textos poderiam ser produzidos por computadores
sem a participação do ser humano. De algum modo nos remete ao medo de que as
máquinas, inventadas pelos humanos, os substituam com maior eficiência num futuro
próximo.
No filme 2001 uma odisseia no espaço Stanley Kubrick aborda
o assunto de um modo angustiante, em longas e lentas cenas. A luta entre a
máquina e o ser que o inventou. O cinema tem espalhado este “conflito” na
cultura. Não é sem razão que aquele recente episódio da queda do avião da Air
France indo do Rio para Paris, tenha tido um peso importante na crítica da
automatização substituindo pilotos nas aeronaves do padrão Air Bus.
A considerar a realidade o problema é maior do que se
imagina, não exatamente naquilo que a moda cultua. A questão central se
encontra no modelo produção, distribuição e consumo de bens econômicos. Este
fluxo sustenta-se na dualidade capital e trabalho. Na verdade o terceiro
elemento a que se atribui como consumidor só existe no fluxo se houver renda
para consumir e a renda principal é formada pelo trabalho, de modo que não
existe a terceira categoria de consumidores solta no espaço independente
daquela dualidade.
A automatização amplia enormemente a capacidade de análise
de dados estatísticos e eventos sistemáticos da sociedade, mas a robotização junto
com o futuro próximo da impressão em 3D, os novos materiais e a nanotecnologia
prometem inovação, mas apontam para o desemprego geral e para a ociosidade em
termos de trabalho.
Aí é que a cultura capitalista, bem consolidada nos países
avançados, como é o caso do grande produtor da cultura dominante, especialmente
nas mídias, incluindo o cinema e a televisão, os EUA sentem-se ameaçados. A
estrutura capitalista não responde a mudanças dessa natureza. A automatização e
a terceira onda produtiva, nascida com a revolução industrial, parece atacar
muito mais tais arranjos da supraestrutura do que toda a ideologia que a
combateu nos últimos séculos.
Afinal ao ler-se a matéria do Pedro Dória o que mais salta
não é a substituição do humano pela máquina, é a potencialização da capacidade
de analisar estatísticas através de programas de computação. Nada muito
diferente do que são os laudos médicos, especialmente aqueles oriundos da
diagnose tanto por imagens como por análises laboratoriais. Isso sem falar em
toda área da engenharia, das ciências da terra, da física e assim por diante.
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