quinta-feira, 14 de junho de 2012

O ANO ELEITORAL EM CRATO - José do Vale Pinheiro Feitosa


Quando um empresário se candidata, se elege e assume um cargo público ele vive um dilema, mas um dilema a priori resolvido: entre o interesse público e o seu ele fica com o seu.”
Wilson Fadul - Prefeito de Campo Grande, Deputado Federal, Ministro da Saúde, Editor, Presidente de Banco.

Todos sonhamos e desejamos a retomada da vocação da cidade de Crato para que a região do Cariri tenha melhores chances de desenvolvimento. Sem o Crato ou com a Política da cidade funcionando de modo subalterno e confuso, a região ficará empacada numa eterna perda de autonomia, apenas absorvendo as sobras das políticas ditadas pelo Governo Estadual e suas alianças regionais.

A rigor ninguém tem a fórmula para a retomada desta vocação, mas algumas tradições históricas, educacionais e culturais dão algumas pistas como bem explicitou Dr. José Flávio Pinheiro Vieira em postagem recente. E não se tem uma pista completa por que antes é preciso ouvir a sociedade, fazê-la se manifestar sobre o tema, incluindo desde as associações de bairros, passando por organizações da sociedade civil, do comércio e indústria, a URCA e setorialmente todas as instâncias municipais: câmara de vereadores e conselhos municipais e os funcionários dos diversos setores da administração municipal.

É preciso ter este objetivo de construir coletivamente a vocação da cidade para que as políticas públicas se orientem por ela. E este coletivamente só pode existir no povo do Crato, ele não vem de fora, é a partir do seu conceito próprio que a cidade pode apresentar a sua contribuição para a região e reivindicar políticas estaduais e federais para dar curso às políticas locais.

Por isso mesmo, alguns parâmetros políticos precisam ser evitados a todo custo para que a cidade retome seu destino e exerça o papel de liderança que lhe cabe. Quais são estes parâmetros de natureza conjuntural e estrutural:

a      a)   Do ponto de vista conjuntural: o Crato não pode ficar nestas eleições a reboque dos desejos políticos do Governador do Estado. Não pode por dois motivos muito simples: o Governador tem mais dois anos de mandato e trabalha nesta altura apenas para a sua própria sobrevivência política o que não trás vantagem alguma para o Crato além do atual Governo estadual ser fruto de uma aliança entre forças politicas da região metropolitana de Fortaleza e da região norte para as quais os interesses do Cariri são secundários.

         b)   Ainda na lógica conjuntural: seria um erro histórico o Crato eleger um prefeito por força de um ou dois políticos regionais, cujos interesses se resumem ao próprio domínio político. Sejam estes políticos senadores ou deputados da região não é pelo desejo deles que a cidade conquistará autonomia, pois o desejo deles quase que se insere apenas no espectro do poder pessoal.

c      c)    Do ponto de vista estrutural: o Crato precisa superar a velha política local, feita por conchavos entre famílias, que se prendem a um saudosismo eterno e uma inveja doentia do sucesso de outras cidades. Esta estrutura precisa ser superada até para que os filhos e netos destas famílias possam ter progresso e amplie a capacidade de liderança para o bem comum.

O modo de superação da cidade, como dissemos, é pela construção coletiva de um plano de identidade local, com a inserção de novos atores sociais e econômicos que não tiveram, não têm e nunca terão vez uma vez não se supere aquelas conjunturas e estrutura citadas. Para isso é preciso um núcleo político popular e democrático que promova a inserção destas novas forças. E isso não se mostra impossível no quadro econômico, social e político do país, quando se vive um momento especial de crescimento econômico com distribuição de renda e um novo paradigma do Estado de Direito Democrático.

O núcleo popular e democrático não tem donos, mas tem um norte que são as políticas nacionais de desenvolvimento com inserção social. O núcleo é dinâmico, inclusivo e distributivo, convocando todos os bairros para a construção coletiva. O núcleo popular e democrático terá algumas questões que estão na raiz daquilo que o Dr. José Flávio apontou: o meio ambiente, a educação pública, a saúde pública, a cultura popular e universal, saneamento básico e proteção social.

Por último o núcleo político e popular precisa ser estendido rapidamente, convocado e aberto para a construção. Seria um erro se fazer política apenas repetindo as fórmulas clássicas de programas de rádio, panfletos e palanques. É preciso multiplicar rapidamente estes núcleos nos bairros e partir para o entusiasmo popular não como objeto de promessas eleitoreiras, mas como a construção do possível e do necessário. Desenvolver o espírito crítico na população para denunciar todas as manobras que quebram o espírito democrático das eleições como cabos eleitorais assalariados, compra de votos e outras coisas que a legislação eleitoral veta.

Em palavras finais: o núcleo popular e democrático é popular e democrático e vai abandonar todas as velhas formas de fazer política com as quais a cidade se acostumou e se acomodou. É preciso ir para a rua como diz a canção: “é preciso ir aonde o povo está, se foi assim, assim será.”      


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