sábado, 27 de outubro de 2012

Sentados em um Banco da Orla Bardot - José do Vale Pinheiro Feitosa


Sentados em um banco da Orla Bardot. Uma brisa para os nossos padrões de litoral cearense quase gelada. Apesar do adiantado do mês de outubro, de dias de sol e a temperatura tropical, mas a brisa do Mar da Armação de Búzios tem alguma memória dos pinguins que descem por estas correntes enlouquecidas do Atlântico Sul.

À nossa frente uma passarela estreita da Globalização da cultura. Enquanto as luzes do brutal crescimento de Búzios dobram vinte vezes ao longo das largas enseadas que afinam para formar aquela flor sextavada do seu litoral. O cume daquele desvelo demográfico é aquele rosário imenso, de pequeníssimas pérolas iluminadas ao longo do que ante fora um segmento deste quase infinito que é hoje Barra de São João e depois Rio das Ostras.

Vozes argentinas, um castelhano com ritmo de tango. Italianos exuberantes com suas ragazza como saltando de uma canção de San Remo. Vozes em Francês. O Inglês por certo. Alemão. E que mais vozes que de estranhas línguas parecem nórdicas e outras que nem memória existe para encontrar sequer um norte geográfico para elas.

As ruas de Búzios são como alamedas de um Shopping Center. Mais de onze horas todas as lojas estão aberta e o footing nas artérias do centro parece assim como o sol da meia noite que nunca se esconde. Foi na Manoel de Farias, outra alameda de shopping paralela à Rua das Pedras que alguém nos ofereceu Arepa. Uma comida tipicamente colombiana: uma tortilha de milho seco, não frita, assada como pizza e com recheio. Era uma comida agradável, mas não é dela que vem a nota.

A mulher que fez a propaganda e nos atraiu ao restaurante, é mineira, casada com um colombiano ambos vindos dos EUA onde moraram 15 anos. Ela tem um sotaque não tão intenso, mas o suficiente para se perceber, de sua longa estadia americana. Veio para Búzios com o marido colombiano, ambos latinos na marcha globalizada, como os EUA não dão mais, por aqui estão.

Mas retornando à Orla Bardot onde nos encontramos. Estamos rigorosamente calçada da Praia do Canto, em frente à Ilha Caboclo e próximo da Praia da Armação. E chama-se por que Brigite Bardot, símbolo sexual francês dos anos 50 e 60 passou uns quinze dias naquilo que era uma vila de pescadores, hospedando-se numa casa de pescador, mas ficou desapercebida da população local.

Acontece que os grandes jornais, revistas e a televisão nascente na época transformaram aquele evento fortuito numa propaganda de “jet set international” e assim a neoplasia globalizada se espalhou. Foram tantas metástase naquele mundo que vi ainda quase primitiva nos anos 70 que hoje é orla Bardot. O quê isso significa? Nada! As pessoas tiram fotos numa estátua de bronze que seria a Brigite, mas poderia ser uma jovem qualquer do mesmo modo que abraçam a estátua de Juscelino Kubitschek mais adiante e nem sabem de quem se trata.

E foi aí que me lembrei das nossas linguagens: andar de pés, andar de cavalo. Esse montar de banda as nossas preposições. Mas afinal quem mandou desde então decorar e apenas decorar as palavras quando o segredo se encontrava no conceito.

Enquanto os passos alegres do mundo globalizado passam na minha mente se locomoviam: par, per, perante, por....E Tereza tem mais: a, ante, até, após....A este decoreba das preposições.    
     

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