Sentados em um banco da Orla Bardot. Uma brisa para os
nossos padrões de litoral cearense quase gelada. Apesar do adiantado do mês de
outubro, de dias de sol e a temperatura tropical, mas a brisa do Mar da Armação
de Búzios tem alguma memória dos pinguins que descem por estas correntes
enlouquecidas do Atlântico Sul.
À nossa frente uma passarela estreita da Globalização da
cultura. Enquanto as luzes do brutal crescimento de Búzios dobram vinte vezes ao
longo das largas enseadas que afinam para formar aquela flor sextavada do seu litoral.
O cume daquele desvelo demográfico é aquele rosário imenso, de pequeníssimas
pérolas iluminadas ao longo do que ante fora um segmento deste quase infinito
que é hoje Barra de São João e depois Rio das Ostras.
Vozes argentinas, um castelhano com ritmo de tango.
Italianos exuberantes com suas ragazza como saltando de uma canção de San Remo.
Vozes em Francês. O Inglês por certo. Alemão. E que mais vozes que de estranhas
línguas parecem nórdicas e outras que nem memória existe para encontrar sequer
um norte geográfico para elas.
As ruas de Búzios são como alamedas de um Shopping Center.
Mais de onze horas todas as lojas estão aberta e o footing nas artérias do
centro parece assim como o sol da meia noite que nunca se esconde. Foi na
Manoel de Farias, outra alameda de shopping paralela à Rua das Pedras que
alguém nos ofereceu Arepa. Uma comida tipicamente colombiana: uma tortilha de
milho seco, não frita, assada como pizza e com recheio. Era uma comida
agradável, mas não é dela que vem a nota.
A mulher que fez a propaganda e nos atraiu ao restaurante, é
mineira, casada com um colombiano ambos vindos dos EUA onde moraram 15 anos.
Ela tem um sotaque não tão intenso, mas o suficiente para se perceber, de sua
longa estadia americana. Veio para Búzios com o marido colombiano, ambos
latinos na marcha globalizada, como os EUA não dão mais, por aqui estão.
Mas retornando à Orla Bardot onde nos encontramos. Estamos
rigorosamente calçada da Praia do Canto, em frente à Ilha Caboclo e próximo da Praia
da Armação. E chama-se por que Brigite Bardot, símbolo sexual francês dos anos
50 e 60 passou uns quinze dias naquilo que era uma vila de pescadores,
hospedando-se numa casa de pescador, mas ficou desapercebida da população
local.
Acontece que os grandes jornais, revistas e a televisão
nascente na época transformaram aquele evento fortuito numa propaganda de “jet
set international” e assim a neoplasia globalizada se espalhou. Foram tantas
metástase naquele mundo que vi ainda quase primitiva nos anos 70 que hoje é
orla Bardot. O quê isso significa? Nada! As pessoas tiram fotos numa estátua de
bronze que seria a Brigite, mas poderia ser uma jovem qualquer do mesmo modo
que abraçam a estátua de Juscelino Kubitschek mais adiante e nem sabem de quem
se trata.
E foi aí que me lembrei das nossas linguagens: andar de pés,
andar de cavalo. Esse montar de banda as nossas preposições. Mas afinal quem
mandou desde então decorar e apenas decorar as palavras quando o segredo se
encontrava no conceito.
Enquanto os passos alegres do mundo globalizado passam na
minha mente se locomoviam: par, per, perante, por....E Tereza tem mais: a, ante,
até, após....A este decoreba das preposições.
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