segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

50, 05, 80, 08 -– José Nilton Mariano Saraiva

Quando JK, um dos maiores presidentes do Brasil, materializando uma promessa de campanha se decidiu pela relocalização/transferência da capital federal, do Rio de Janeiro para o planalto central do Brasil, a virgem e inóspita região do cerrado goianense serviu de abrigo para a “terra prometida”; e, assim, sob o comando de Oscar Niemayer, vimos surgir - vapt-vupt - a moderna Brasília e suas arrojadas linhas arquitetônicas pra lá de revolucionárias. De pronto, objetivando expressar a dinamicidade e a incrível transformação daquela área em tão pouco tempo, competentemente a turma do marketing do Governo Federal houve por bem cunhar a expressão “Brasília - 50 anos em 05”  (ou seja, aquilo que em condições normais só seria feito em 50 anos acabou sendo feito em apenas 05 ).
No Crato, dos dias atuais, a coisa funcionou exatamente em sentido inverso: após uma administração caótica, cuja característica maior foi o desgastante confronto frontal do prefeito da cidade com o Governador do Estado (daí o abandono a que a cidade foi relegada pelo Chefe do poder executivo estadual) o senhor Prefeito sai rotulado com o sinônimo de incompetência e improdutividade (daí despedir-se  melancolicamente do poder), já que deixando atrás de si um rastro de decepção e frustração. Tanto é que, além de não ter conseguido sequer eleger o sucessor (apesar da caneta na mão - e até por isso mesmo), foi oficialmente notificado/acusado pelo Tribunal de Contas dos Municípios de “improbidade administrativa”, mercê do “possível” desvio de generosas verbas públicas para atividades outras, desconhecidas dos órgãos competentes (assim, a tendência é que mui provavelmente terá que devolver aos cofres públicos, mais cedo ou mais tarde, a parte da grana para a qual não existe comprovação de uso adequado).
Fato é que, em razão do descomunal estrago propiciado na gestão que agora chega à fase crepuscular, é fácil constatar que o Crato, que já apresentava evidentes sintomas de decadência, perdeu nos últimos 08 anos muito daquilo que há bastante tempo detinha (Sesi, Sebrae, Escola do São José e por aí vai) ao tempo em que deixou de ganhar, por omissão ou falta de prestígio, empreendimentos de porte e que todos consideravam como certeza absoluta: o Campus da UFC, a Escola Técnica Federal, Aeroporto, Hospital e muito mais. Hoje, poder-se-ia até afirmar que o quadro propiciado pela enxurrada que inundou a cidade meses atrás poderia ser apresentado à posteridade como o emblemático retrato da própria administração municipal: um caos.
Temos, então, duas posições antagônicas, diametralmente opostas: se para caracterizar o estupendo e célere progresso de Brasília cunhou-se a expressão “50 ANOS EM 05”, no Crato o mais apropriado seria afirmar que a cidade regrediu ”80 ANOS EM 08” (ou alguém tem dúvida de que a cidade experimentou um desgastante, penoso e angustiante processo de desconstrução, desfazimento e retrocesso nesse tempo ???).
Agora, nesse derradeiro dia do ano de 2012 e no momento em que todos desejam a todos um ano de 2013 repleto de prosperidade e paz, só nos resta ficar na torcida para que o novo  e jovem mandatário da cidade (um empresário privado de sucesso, mas sem qualquer experiência no gerenciamento da coisa pública), consiga fazer com que no Crato a “roda volte a girar”.
Na oportunidade – para não dizer que não falamos de flores – expressamos aos conterrâneos o nosso ardente sentimento de que as coisas mudarão pra melhor na vida de todos nós, sofredores cratenses.
Aleluia, aleluia, aleluia !!!

2 comentários:

  1. Mariano, já coordenei a Vigilância Epidemiológica do país e chamava minha atenção que os grandes constrangimentos de mídia aconteciam quando mais a ação pública funcionava. Quando a ação era abrangente, o número de problemas se multiplicavam, não por que estivessem aumentando, mas porque uma ação havia. Só que a mídia não entendia assim, e como tem o papel ontológico de criticar o governo interpretava erroneamente como se descontrole fosse o que na realidade era controle. Estou falando nisso porque agora nestes meses após as eleições ficamos inteirados de um grande número de problemas nas administrações municipais, especialmente naquelas em que o governo perdera. E ficamos a imaginar e a lei de responsabilidade de fiscal? Mas ao contrário, é por ela mesmo que os problemas foram notificados e a "farra" eleitoral entrou na pauta. Além de uma série de baixa política em que os perdedores simplesmente desistem da política e abandonam a administração no final do mandado. Como esse é no final do ano, tome problema nas festas de natal e no réveillon que no ano passado foram tão brilhantes em antecipação ao ano eleitoral.

    Pelo seu papel nestes dois blogs do cariri, minha saudação de um ano de atenção para com o seu povo. Faça de 2013 um feliz ano.

    Abraços

    José do Vale

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  2. ZÉ DO VALE,
    O mesmo aconteceu (com Lula) e acontece atualmente (com Dilma). Ao exigirem (os dois) que a Polícia Federal saisse do casulo e mostrasse serviço (ao contrário do tempo de FHC), começaram a pipocar os casos de corrupção e maus-feitos (inclusive de gente do próprio Governo).
    No entanto, na visão caolha e desvirtuada da nossa gloriosa imprensa, os "petistas" é que patrocinaram tudo isso, quando assumiram o poder (como você coloca com muita propriedade, a imprensa "...INTERPREVA ERRONEAMENTE COMO SE DESCONTROLE FOSSE O QUE NA REALIDADE ERA CONTROLE").
    No tocante à prefeitura do Crato, especificamente, meses atrás o Zé Flávio já houvera dado a senha: faltou remédios, material de consumo e houve atraso no pagamento de salários do pessoal da saúde (isso antes da eleição, daí a suspeita de "desvio" da verba da saúde para outras finalidades).
    E, até prova em contrário, a acusação de "IMPROBIDADE
    ADMINISTRATIVA" feita pelo TCM é um crime dos mais sérios (se é que existe crime "não sério").
    No mais, apesar de não conhece-lo pessoalmente, reafirmamos e confirmamos o que dissemos numa postagem bem antiga: Zé do Vale e Zé Flávio são dois "monstros sagrados" na arte de expor com didaticidade os mais complexos temas. Por isso, é muito gratificante e bom lê-los.
    Parabéns.

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