segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

AUGURI! - José do Vale Pinheiro Feitosa


Saudações por mais um ano. Pelo que chega. Que significa tratar do futuro. Sobre a forma de desejo que é muito mais do que uma subjetividade. É ponto de cruz do acontecido e deste acontecendo. Que se diga não é um mero acontecer: é uma ação humana para que assim seja.

Ao saudar a todos por 2013 não apenas imagino as forças imponderáveis da natureza ou do destino se assim preferirmos. Imagino as iniciativas, as tramas, as ações humanas que por isso mesmo se tornam projeções daquilo que pensamos, que imaginamos, mas na verdade, a priori, já estamos realizando.

Saúdo a grande renda de bilros que a nossa sociedade constrói na história. Por vezes redefinindo o desenho do papelão, repondo os espinhos, cuidando dos bilros, com as mãos ágeis a compor uma imagem que traduz a todos. Desde o sorriso do momento ao ar grave dos tempos.

Saúdo os nossos roedores, comedores, chupadores, de macaúba. Que respeitam o tronco da palma e, pacientes, aguardam que os cocos se desprendam dos cachos. E um especial abraço para os sitiantes do nosso espaço, os trabalhadores das nossas terras, os operários, vendedores, comerciantes, industriais da nossa vida e do nosso futuro.

Uma varanda no amanhecer, uma paisagem de serra e vale, um verde que brilha no cento da caatinga, as águas cristalinas da fonte e um céu que não é puro azul. Como somos de fazer, o céu se apinha de criações brancas, cinzas e por vezes pretas precipitações que até chegam a levar nossas construções inseguras.

Ao nosso Cariri, ao querido Crato, no pedaço de chão que alguém fez para sonhar, qual rosto tenha este sítio, este espaço, este canto, qual quintal sobre ou não para se ter sombras e pedaços inteiros de sol claro, que afinal somos equatoriais. E na falta de uma sacada que seja neste apartamento domiciliar, que os largos e praças repitam a nossa alma paciência.

Que espera a macaúba e o piqui se soltarem dos galhos para então saboreá-los, de tantos modos diferentes. O piqui se impregna no olfato e o liga de tal modo ao gosto que basta ferver na panela para uma fome descomunal se apresentar. E a macaúba, com nossos dentes amarelos e a amêndoa interior que solta o óleo do sabor, é a sobrevivência no bilro que faz a renda da vida.

A todas essas coisas pelas quais levantamos a voz como um Italiano no fim de ano: AUGURI!     

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