sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

O Mar de Marina - José do Vale Pinheiro Feitosa


Uma porção de mar que banha uma região. A face da terra moldada pelas vagas dos mares. Os mares, marés, esse conjunto que oscila como um eletrocardiograma por vezes em ritmo sinusal, noutros em arritmia convulsa e transbordante. O mar de Marina.

Que é para os brasileiros o DNA que toda cultura expressa. Começamos a ser algo no universo variado dos povos, a partir de duas doçuras do viver. Falo dos presentes. Que são os que nasceram após os anos 30 do século XX.

Os doces que encantam as cordas vocais, moldam a face do povo, dissolvem a rigidez dos momentos e multiplicam o futuro como algo necessário. Viver é uma necessidade e não apenas uma opção, embora tantas decisões façam parte.

Um dos referidos doces tem a melodia de Pixinguinha e sempre que os brasileiros se fazem em rodas, com algum violão, ela surge como expressão da alegria de ser e viver neste território. Quantos povos podem exprimir conjuntamente: meu coração, não sei por que, bate feliz, quando te vê.

E seguir pelas ruas com os olhos contentes pela visão a despertar-lhe felicidade. Ora não existe fortuna maior na história do que pertencer a um mundo que não apenas se ilumina pelos nossos sentimentos, mas, ao contrário, ele é quem é a fonte da felicidade. A verdadeira felicidade: aquela que está lá e se manifesta com a própria força de seu bem-estar.    
  
Mas não me julgues radical. Não pulo para o outro lado da rua, como um rude a construir mensagens de sim e não. Sei da paz interior que inventa contentamento uma vez reconhecendo outra doçura da cultura brasileira.

Pertence ao meu domínio, à elaboração afetiva no meu interior, aos meus cuidados: que eu gosto e que é só meu, Marina você já é bonita com o que Deus lhe deu. A felicidade interna que por necessitar de tantas filigranas se aflita com este rosto pintado desnecessitado de cores quando é minha Marina, morena, Marina.

Não tenho como interditar o feito e tampouco negar a minha felicidade interior. E diante do inevitável, do expressamente acontecido, como acomodar no mesmo espaço este sentimento que quando se zanga, não sabe perdoar? E desse modo, entre o perdão que já nasceu com o pecado e o imperdoável que se desmanchando no ar resta-me ficar de mal com você.

E maravilhosamente a cultura une essas doçuras da música popular: o objeto da felicidade retorna à sua matriz externa de bem aventurança no espaço deste espetacular mundo. A grande felicidade é objeto real deste mundo a iluminar a pequena felicidade reconstruída nas sensações da memória e nos sentimentos de aproximação da vida.

À Marina um olhar Carinhoso.   

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