quinta-feira, 9 de maio de 2013

AS MORTES DE BANGLADESH NAS VITRINES DOS SHOPPING - José do Vale Pinheiro Feitosa


As análises marxistas do capitalismo estão historicamente localizadas no estado da economia política no século XIX. No entanto como método da evolução histórica do sistema capitalista ela não é datada e se aplica ao momento atual. A base da economia política, a dinâmica filosófica hegeliana e o ideário socialista dão ao pensamento marxista método de apreensão da realidade atual e aplicação política da superação ou da síntese das contradições inerentes ao capitalismo em seu movimento autofágico e gerador de crises econômicas e sociais.

As soluções, ou sínteses das contradições no seu mover-se pelo “combustível” da soma de quantidades até realizar o salto qualitativo de um estado para outro é compreensível pela inteligência humana, mesmo que este movimento aconteça num corpo de coisas fora dos controles políticos. Por exemplo, quando a Reforma Protestante quebra a hegemonia institucional do feudalismo, nucleada no poder Papal e imediatamente surge a Contrarreforma dentro do próprio catolicismo, este movimento contrário já quebrava a então inquebrantável força inercial do papado.  Não foi a toa que a mais evidente instituição da Contrarreforma tenha sido a Companhia de Jesus.

Era Companhia por associar-se à dinâmica do Mercantilismo, por isso esteve tão presente nas colônias Portuguesas e Espanholas como instrumento de “capitalização” de almas (e claro do poder material sustentado pelo mercantilismo). Quando os Estados Nacionais foram se consolidando a Companhia de Jesus começou a ser perseguida em sua “autonomia” (vide o Marquês de Pombal), inclusive pelo novo poder papal aderente ao sistema de economia política que é o capitalismo. Em conclusão: a contradição do sistema feudal em crise a partir do início de Renascimento não é uma mera luta entre o velho e o novo, como vimos os termos das forças contraditórias só movem a história porque já são algo diferente do original. A Reforma Protestante afrontava a principal instituição Feudal e a Contrarreforma também já trazia para o campo da luta real no tecido social algo diferente do que era o Vaticano antes da Reforma.  

Enfim: o individualismo, as luzes da razão, o surgimento de uma nova classe de vanguarda (a burguesia), os Estados Nacionais, a modificação nos meios de produção, o mercantilismo com seu colonialismo, a produção industrial, o comércio mundial e o sistema financeiro ubíquo é o movimento criativo do capitalismo como entendemos hoje. São estas algumas das categorias (não todas)  que precisam ser analisadas como compreensão da tragédia simbólica da empresa de roupas de Bangladesh e a ferocidade lucrativa da Benetton e assemelhadas.

A “honra” do pagamento de juros na bolsa da miséria e suas políticas de austeridade.     

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