As análises marxistas
do capitalismo estão historicamente localizadas no estado da economia política
no século XIX. No entanto como método da evolução histórica do sistema
capitalista ela não é datada e se aplica ao momento atual. A base da economia
política, a dinâmica filosófica hegeliana e o ideário socialista dão ao pensamento
marxista método de apreensão da realidade atual e aplicação política da
superação ou da síntese das contradições inerentes ao capitalismo em seu
movimento autofágico e gerador de crises econômicas e sociais.
As soluções, ou sínteses
das contradições no seu mover-se pelo “combustível” da soma de quantidades até
realizar o salto qualitativo de um estado para outro é compreensível pela
inteligência humana, mesmo que este movimento aconteça num corpo de coisas fora
dos controles políticos. Por exemplo, quando a Reforma Protestante quebra a
hegemonia institucional do feudalismo, nucleada no poder Papal e imediatamente
surge a Contrarreforma dentro do próprio catolicismo, este movimento contrário
já quebrava a então inquebrantável força inercial do papado. Não foi a toa que a mais evidente instituição
da Contrarreforma tenha sido a Companhia de Jesus.
Era Companhia por
associar-se à dinâmica do Mercantilismo, por isso esteve tão presente nas
colônias Portuguesas e Espanholas como instrumento de “capitalização” de almas
(e claro do poder material sustentado pelo mercantilismo). Quando os Estados Nacionais
foram se consolidando a Companhia de Jesus começou a ser perseguida em sua “autonomia”
(vide o Marquês de Pombal), inclusive pelo novo poder papal aderente ao sistema
de economia política que é o capitalismo. Em conclusão: a contradição do
sistema feudal em crise a partir do início de Renascimento não é uma mera luta
entre o velho e o novo, como vimos os termos das forças contraditórias só movem
a história porque já são algo diferente do original. A Reforma Protestante
afrontava a principal instituição Feudal e a Contrarreforma também já trazia
para o campo da luta real no tecido social algo diferente do que era o Vaticano
antes da Reforma.
Enfim: o individualismo,
as luzes da razão, o surgimento de uma nova classe de vanguarda (a burguesia), os
Estados Nacionais, a modificação nos meios de produção, o mercantilismo com seu
colonialismo, a produção industrial, o comércio mundial e o sistema financeiro
ubíquo é o movimento criativo do capitalismo como entendemos hoje. São estas
algumas das categorias (não todas) que
precisam ser analisadas como compreensão da tragédia simbólica da empresa de
roupas de Bangladesh e a ferocidade lucrativa da Benetton e assemelhadas.
A “honra” do pagamento
de juros na bolsa da miséria e suas políticas de austeridade.
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