Abaixo reproduzo postagem do jornalista
Mário Magalhães em seu blog. Pensava em escreve algo sobre esta contradição,
porém o Mário diz tudo. Pensara pois se estamos numa onda de justiça, anti-corrupção
e pelo despertar da política a ação da polícia na Favela da Maré aqui no Rio e
a de São Paulo para desalojar moradores de um terreno invadido estariam no
mesmo escopo das chamadas revoltas do acordar do país. Apenas que o discurso da
grande mídia é pura manipulação a favor do lado que ela representa. Se você é
de classe média e acha que tudo isso que acontece com os pobres é apenas a
ordem, comece a contar o minutos da violência que o atingirá ali na esquina e na
elevação dos muros e da grana para proteger o inseguro mundo em que vives.
E se os mortos da Maré fossem no Leblon?
Foi nesta semana, mas, a
considerar o noticiário, parece que ocorreu no século retrasado: depois de um
sargento do Bope ser morto por traficantes, a PM invadiu uma favela do complexo
da Maré, aqui no Rio, e matou nove pessoas. Duas não tinham antecedentes criminais,
como um garoto de 16 anos. O governo prometeu investigar as circunstâncias.
Se
os dois mortos sem vinculação comprovada com a bandidagem fossem moradores do
Leblon, será que a cobertura jornalística teria se extinguido tão rápido?
Será
que as autoridades e o jornalismo falariam em “excessos”, como agora, ou em
possíveis “crimes”?
Quantos
editoriais não haveria nos jornais, nas TVs, nas rádios e na internet?
Quantos
bambambãs já não estariam alardeando a existência de um “Estado policial” no
Brasil?
Informados
pelos meios de comunicação, quantos milhares de estudantes não promoveriam
greves exigindo o esclarecimento dos fatos?
Quantas
senhoras não lançariam campanhas com o mote “Podia ser seu filho”?
E
as passeatas, não seriam talvez maiores do que as que tomaram as ruas na semana
passada?
Quantas
denúncias de extermínio haveria por minuto?
Seriam
publicadas reportagens falando em um “menor” morto, como li, ou ele teria nome,
idade, sua história contada?
Quanto
tempo demoraria para que tudo fosse esquecido, sobretudo a cobrança por
apuração?
Mas
o garoto era da Maré, e não do Leblon.
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