terça-feira, 20 de agosto de 2013

A ausência dos "nativos" - José Nilton Mariano Saraiva

Em sã consciência, os que a conheceram num passado não tão distante e que ainda hoje teimam em dar-lhe atenção, dúvidas não têm em constatar o óbvio ululante: coincidência ou não, a ”Exposição do Crato”, ao perder o nome de origem (recebido na “pia batismal”) metamorfoseando-se em “Expocrato”, mudou e mudou muito. Só que pra pior, muito pior.

Antes, um lugar aconchegante e aprazível, onde todos se encontravam sem maiores dificuldades para uma confraternização sadia e aguardada por meses, hoje, até em razão (por paradoxal que seja) do aumento da dimensão da área do evento, a coisa ficou “meio solta”, os encontros mais difíceis, a confraternização impossível, e o aconchego (então), mandou lembranças.

É que, se antigamente o “point” eram aquelas minúsculas e rústicas barracas (onde éramos servidos por garçons da estirpe de um “Fuínha”, “Cabeleira” e outros), erguidas às pressas à sombra daqueles enormes pés de eucaliptos, por trás do palco principal (onde se realizavam os shows), na atualidade as árvores foram criminosamente postas abaixo e o espaço ocupado por imensos stands de vendas de produtos diversos;  por conseqüência, as barracas foram deslocadas para uma área mais distante, ao tempo em que perderam a timidez, a virgindade e... se fizeram adultas (muito maiores, mais espaçosas), mas... lamentavelmente, menos aconchegantes. Um exemplo emblemático de tal época, o saboroso e disputadíssimo “cachorro quente” do Enoque (com carne moída, de primeira), sumiu do mapa, dando lugar a um tal “hot dog” (com salsicha vencida), comercializado em escala industrial e de gosto duvidoso.

Mas, o que mais chama a atenção na atual Expocrato, é a absoluta ausência dos “nativos” no seu recinto, assim compreendidos os cratenses que nunca saíram do Crato, mas que, durante a “Exposição” faziam questão de lá comparecer para saudar os cratenses que por uma ou outra razão por lá só aparecem no mês de julho. E como eram agradáveis tais encontros e reencontros.


Alfim, deixamos no ar a indagação: onde se metem os “nativos”, durante a semana de festa da Expocrato ??? Por qual razão nos deixam (cratenses-visitantes) literalmente órfãos durante o período ??? Por que não voltar a lá comparecer, a fim de, numa viagem de cunho sentimental-saudosista (vá lá que seja), nos transportarmos de volta ao passado, transformando a “Expocrato” na nossa “Exposição do Crato” ???

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