Em sã consciência, os que a conheceram num passado não tão
distante e que ainda hoje teimam em dar-lhe atenção,
dúvidas não têm em constatar o óbvio ululante: coincidência ou não, a ”Exposição
do Crato”, ao perder o nome de origem (recebido na “pia batismal”) metamorfoseando-se
em “Expocrato”, mudou e mudou muito. Só que pra pior, muito pior.
Antes, um lugar aconchegante e aprazível,
onde todos se encontravam sem maiores dificuldades para uma confraternização
sadia e aguardada por meses, hoje, até em razão (por paradoxal que seja) do aumento
da dimensão da área do evento, a coisa ficou “meio solta”, os encontros mais
difíceis, a confraternização impossível, e o aconchego (então), mandou
lembranças.
É que, se antigamente o “point” eram
aquelas minúsculas e rústicas barracas (onde éramos servidos por garçons da
estirpe de um “Fuínha”, “Cabeleira” e outros), erguidas às pressas à sombra
daqueles enormes pés de eucaliptos, por trás do palco principal (onde se
realizavam os shows), na atualidade as árvores foram criminosamente postas abaixo
e o espaço ocupado por imensos stands de vendas de produtos diversos; por conseqüência, as barracas foram deslocadas
para uma área mais distante, ao tempo em que perderam a timidez, a virgindade e...
se fizeram adultas (muito maiores, mais espaçosas), mas... lamentavelmente, menos
aconchegantes. Um exemplo emblemático de tal época, o saboroso e disputadíssimo
“cachorro quente” do Enoque (com carne moída, de primeira), sumiu do mapa, dando
lugar a um tal “hot dog” (com salsicha vencida), comercializado em escala
industrial e de gosto duvidoso.
Mas, o que mais chama a atenção na atual
Expocrato, é a absoluta ausência dos “nativos” no seu recinto, assim compreendidos
os cratenses que nunca saíram do Crato, mas que, durante a “Exposição” faziam
questão de lá comparecer para saudar os cratenses que por uma ou outra razão
por lá só aparecem no mês de julho. E como eram agradáveis tais encontros e
reencontros.
Alfim, deixamos no ar a indagação:
onde se metem os “nativos”, durante a semana de festa da Expocrato ??? Por qual
razão nos deixam (cratenses-visitantes) literalmente órfãos durante o período
??? Por que não voltar a lá comparecer, a fim de, numa viagem de cunho sentimental-saudosista
(vá lá que seja), nos transportarmos de volta ao passado, transformando a “Expocrato”
na nossa “Exposição do Crato” ???
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