quarta-feira, 30 de outubro de 2013

"Ronda" - José Nilton Mariano Saraiva

A partir do momento em que o Governo do Estado do Ceará se decidiu pela criação do programa “Ronda do Quarteirão” (espécie de tropa de elite da polícia militar) visando combater com mais eficiência a bandidagem (segundo a propaganda oficial), uma medida causou estranheza: sob o pífio argumento de que as prováveis perseguições de marginais deveriam ser feitas por carros potentes e rápidos, os veículos a serem utilizados pelos policiais seriam de uma só marca, com tração 4 x 4 e cilindrada 2,7. E aí se descobriu a cereja no bolo: a Toyota era a única marca que atendia àqueles requisitos e a Newland, revendedora de tal marca em Fortaleza a beneficiada, a quem também caberia a manutenção (caríssima) de toda a frota, por tempo indeterminado. Hoje o programa “Ronda do Quarteirão”, se constitui numa espécie de calcanhar de Aquiles do Governo do Ceará, porquanto criticado por gregos e troianos, além do que seus integrantes não teriam recebido o tratamento adequado para manobrar equipamento tão sofisticado, daí as constantes quebras e, conseqüentemente, em constante manutenção nas oficinas da Newland (afinal, única beneficiária). Ainda assim, independentemente das críticas e do pífio resultado alcançado, o Governo do Estado do Ceará houve por bem abrir licitação para a compra de nada menos que 400 (quatrocentos) novos carros, a serem incorporados à frota. E aí surgiu um problema: desta vez, a General Motors (Chevrolet), que houvera fabricado um carro com as mesmas qualificações da Toyota, foi a montadora vencedora da licitação, já que com um melhor preço. E aí, estranhamente, usando de um artifício capaz de suscitar dúvidas, o Governo do Estado do Ceará houve por bem desclassificá-la, sob a alegativa de que os novos carros deveriam ter a cilindrada de 3,0 e não mais 2,8, como na licitação anterior. Isto posto, o carro escolhido foi o mesmo (Toyota), a revendedora a mesma (Newland), que ficará responsável pela manutenção da frota. O prejuízo para os cofres público será da ordem de R$ 10,0 milhões (o suficiente para comprar 63 carros a mais), daí o Tribunal de Contas do Estado já ter sido acionado pelo aguerrido Deputado Heitor Ferrer. Mas, como naquela corte o Governo manda e desmanda o contribuinte não deve alimentar expectativa de que a coisa seja mudada. Agora, aqui pra nós, bem que poderiam nos informar qual o percentual da comissão que a Newland tá disponibilizando para ter tantos privilégios.

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