quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

O "ingrato" - José Nilton Mariano Saraiva

“Meu padim, nos gramados do céu, é mais um craque a orar e proteger o meu verdão”. (de um torcedor do Icasa e fanático do padre Cícero).

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Misturar devoção e fanatismo religioso com a emoção do futebol nunca deu liga, jamais foi recomendável, constitui-se um tremendo despropósito. Até porque, se a “coisa” entornar, indo na contramão do que se pretende, configura-se uma ótima oportunidade para que os “pseudos” santos da vida sejam desmascarados, na perspectiva de um resultado não desejável. A reflexão tem a ver com o time do Icasa, de Juazeiro do Norte, que surpreendeu na recente disputa da Série B, do Campeonato Brasileiro, já que esteve para se classificar para a Série A.

Fato é que, a partir do momento em que o Icasa “pintou” como a grande zebra do torneio, já que entre os quatro clubes que se classificariam à Série A, de pronto torcedores, experts, cronistas esportivos, jogadores, diretoria, comissão técnica, torcida e mais alguns espertalhões da vida resolveram atribuir e propagar aos quatro ventos que tão meritório desempenho dar-se-ia em razão da ajuda de Cícero Romão Batista; e que, por sua intercessão, um time do interior do Ceará figuraria entre os maiores do país; que se tratava de mais um milagre de Cícero e  tantas outras baboseiras da espécie. E então, devidamente documentado pela televisão. tome visita ao tal Horto para rezar junto à estátua, tome o pega-pega na bengala do dito-cujo, tome discursos laudatórios como forma de expressar “mais um milagre” de Cícero e por aí vai.

Pois, coincidentemente, foi a partir daí, do momento da exteriorização de toda essa inconseqüente gororoba, que o time do Icasa entrou em parafuso, tremeu nas bases, desaprendeu de jogar  e terminou por perder a tão almejada classificação para a Série A, dentro de casa, aos pés da estátua do “ingrato” Cícero Romão Batista.


Assim, tal qual lá atrás, quando o tal “milagre da hóstia” restou desmascarado pela própria Igreja Católica, que considerou seu arquiteto-executor nada mais que um grande “charlatão”, o “milagre do Icasa na Série A” não passou de mais uma grotesca farsa que seria creditada a Cícero Romão Batista (aquele mesmo. que se tornou podre de rico a partir do momento em que entrou para a política).

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