quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

O AMOR GRATUITO É DEVASTADOR DA ORDEM ESTABELECIDA - José do Vale Pinheiro Feitosa

Seguindo a ideia de uma outra utopia frente ao atual sistema capitalista. Toda utopia é a construção do futuro e quando aplicada à realidade vai enfrentar as contradições. Como dizia o filósofo Alemão Ernest Bloch: viver o futuro no presente. Nem sempre realizáveis, as utopias ao menos se prestam para que seus cultores sintam a renúncia dos seus motivos nobres. É muito comum entre os cristão a renúncia ao amor fraterno, pelo menos na prática, em razão de sociedades desiguais que aceitam a servidão humana.

Agora mesmo o Papa Francisco tem dito coisas que ferem mortalmente o atual sistema de lucros e transações sob base do interesse compensatório. O modelo você sabe, vale pelo que em negócio me proporciona. Estendido, por exemplo, com as indulgências pagas, com o dízimo e a tabela dos preços dos sacramentos.

Nem preciso falar em figuras abjetas que pregam milagres com a mão, enquanto na outra sustenta o saco que recepciona o lucro do milagre. Falo de coisas do tipo de quem chega para “encomendar” o corpo de um rico e se engana ao se aproximar do corpo de uma família pobre. Quanta decepção pelo engano, interrompe o ritual antes da metade e vai em busca da família que o encomendou.

E eis que o Papa Francisco anda a pregar o amor gratuito de Deus por nós. Retorne à palavra gratuito, que não requer pagamento. Não depende da transação. E se conclui que a pessoa que é muito amada é levada, naturalmente, a amar muito. Quem é amado de modo gratuito, sem ter que dar nada em troca, ama sobretudo a todos.


Algo mais revolucionário em relação a este mundo baseado no sucesso, no acúmulo de bens materiais e em levar vantagens nas transações com o outro? Isso é de uma radicalidade que põe por terra todos os alicerces em que a própria Igreja foi construída e se sustenta. 

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