A instabilidade social e as manifestações populares, aliadas
a grupos políticos organizados militarmente, deixam no ar a ação de ruptura dos
regimes que hoje funcionam baseados no sufrágio de candidatos. A questão está
mais ou menos assim: um grupo deseja romper as políticas de renda, falta de proteção
social, desemprego, despejo por dívidas e se manifesta. Grupos distintos, com
outros propósitos políticos, aproveitam a ocupação das ruas e vão para o
confronto militar franco.
Na Síria, na Ucrânia isso é bem visto. (Claro que por fora,
acirrando posições países fortes tomam partido financiando um lado ou outro e
até os dois). A Ucrânia é mais grave porque há um problema crônico básico de
setores étnicos em relação à Rússia (imperial ou soviética). Estes setores
ocuparam o campo da extrema direita política, são organizados, perduram há
muitos anos de tal modo que aderiram ao Exército Nazista durante a invasão da
União Soviética na Segunda Guerra.
A situação na Ucrânia é de tal modo um retorno ao nazi-fascismo
original que judeus já são perseguidos por lá. Este Jam Koum, um dos
bilionários do WhatsSpp vendido para o Facebook, migrou há alguns anos para os
EUA em razão das perseguições feitas contra judeus. E isso foi no final da União
Soviética, em 1989, e no ano de 2004 aconteceu na Ucrânia a tal Revolução Laranja
que foi comemorada como um grande ato político pela mídia ocidental.
A revolução laranja, dez anos atrás, se deu com uma revolta
popular em razão de uma fraude eleitoral em que o segundo lugar Viktor
Yanucovych (esse mesmo atual presidente) foi confirmado no lugar do que teria
sido o primeiro colocado que é Viktor Yushchenko. A eleição foi anulada,
Yushchenko disputou e venceu. Acontece que o paraíso não chegou e Yuschenko se
desgastou e quem está no poder é o outro Viktor.
Mais do que uma insurgência contra o Governo, o que se tem
por trás é a ruptura do processo em que a maioria vence a eleição. No caso da
Venezuela isso é nítido e mesmo quem torce contra Maduro, deve imaginar que no
mínimo o país tem uma grande divisão e que por eleições vão fazendo projetos de
seguir adiante. O mesmo processo que elegeu Maduro, poderá eleger Capriles nas
próximas eleições.
O que deseja esse López? Provocar ruptura para ele mesmo ser
o autor e aí Capriles e companhia vai para o espaço. A oposição na Venezuela
nunca se uniu e por isso perde tantas eleições. É preciso compreender um pouco
a formação social da Venezuela. Por muitos anos uma parcela da população foi
privilegiada com o Petróleo do país. Tinha uma vida de classe média até
superior a de outros países latino-americanos.
Essa parcela educava os filhos nos EUA, tratava a família e
tinha casas por lá onde passava as férias. Essa parcela se alienou do seu
próprio país e do seu povo. O Leopoldo López fez a maior parte de seu ensino
básico e de sua formação universitária nos EUA. Isso significa que parte da
identidade e das ligações dele são com aquele país.
O que ele propõe nas ruas é a ruptura dos resultados das
eleições no curso do mandato do eleito. Além do mais ele tem usado táticas de
movimentação que recordam o ocorrido em 2002 no golpe contra Chávez. Por
exemplo o aparecimento de mortes por balas perdidas em manifestações para
depois gerar mais tensão social.
Leopoldo López não só participou do golpe de 2002 como,
nesse momento, se diz orgulhoso do fato. Ou seja defende abertamente um golpe.
A BBC Brasil o classifica assim: popular, carismático, imprevisível, arrogante
e sedento de poder.
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