Tem escrita médica que nem farmacêutico decifra. Existem
garatujas que seriam incapazes de decifração até mesmo por Jean-François
Champollion que traduziu a Pedra de Roseta e assim revelou a escrita
hieroglífica. Ao contrário das lentas e solitárias escritas dos escrivães dos
cartórios, alguns médicos brasileiros, enxugando filas de cem clientes, com
demandas variadas, riscam nas receitas um cipoal indistinto.
Nos anos eleitorais é lícito, correto e necessário pegar
todas as contradições dos adversários. Portanto constranger Dilma, Aécio ou
Eduardo é parte do jogo. Mas assim como as receitas médicas, o debate eleitoral
precisa apontar caminhos, problemas e soluções.
E tem mais. O receituário médico revela doutrinas e condutas
organizadas de modo sistemático sujeitas a conceitos, preconceitos e superáveis
no curso dos avanços sociais, políticos e da ciência. Igualmente as práticas
políticas quando se expõem as ideias dos candidatos e seus partidos.
Pois não é que o Senador Álvaro Dias do PSDB do Paraná
tratou de fazer política com a escrita de um médico cubano como forma de
atingir a candidata Dilma Roussef. Acontece que o médico ao solicitar uma
ultrassonografia de mama, escreveu “ultrassão dos peitos”.
Mais do que fazer política Álvaro Dias caiu na vala fétida
do preconceito. E esta história tem tudo para ter por trás um “profissional de
saúde nacional que escreve um português digno da Academia Brasileira de Letras”
dando de bandeja a história para o Senador.
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