Começou.
Tanto que, na noite de ontem, a seleção da Austrália já pintou no pedaço. E nesses
15 dias que faltam para o início da Copa do Mundo de Futebol, aqui no Brasil, vamos
ter que conviver, sim, com as “abobrinhas” e conversas fiadas da vida. Quem não
quiser se sujeitar a tanta babaquice, o jeito é se enclausurar em algum desses
conventos da vida e tentar se isolar do mundo (sem acesso à Internet,
televisão, rádio e coisas parecidas, o que é um tanto quanto difícil).
Afinal,
como pode um dos mais conceituados banco de investimentos do mundo querer momentaneamente
se transfigurar numa espécie de “pitonisa” e, daí, se danar a prever resultados
de jogos de futebol, usando para tanto “modelos econométricos” de rara precisão
(porquanto baseados em 14 mil observações, contemplando os últimos 54 anos) ???
Pois é,
para o banco americano Goldman Sachs, o
Brasil não só será o campeão do mundo, como seus resultados serão: na primeira
fase, Brasil 4 x 1 Croácia; Brasil 4 x 1 México; Brasil 4 x 1 Camarões; classificando-se
em primeiro lugar no Grupo A, em seguida, de acordo com a projeção, a seleção
brasileira enfrentará a Holanda nas oitavas de final, vencendo por 3 a 1. Nas
quartas de final, triunfo sobre o Uruguai por 3 a 1. Já a vítima nas semifinais
será a Alemanha, que será derrotada por 2 a 1. E, enfim – aleluia, aleluia,
aleluia - o título será conquistado sobre a Argentina, também com uma vitória por 3 x 1. Portanto, nos sete jogos, 23 gols a favor e 7 contra (ou seja, a meta do Brasil será vazada em um gol a cada jogo e sua média de gols será de 3,3 por partida).
Torcendo
desesperadamente para que tal “abobrinha” se transforme em realidade, não custa
lembrar que, na Copa do Mundo de 1958, na Suécia, o desacreditado selecionado
do Brasil enfrentaria a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, ou
simplesmente Rússia) já então disputando com os Estados Unidos a supremacia
mundial em todos os setores da vida. A rivalidade era tão acirrada que a simples
menção à Rússia já apavorava Deus e o mundo (dizia-se até que eles, os “comunistas”
russos, eram dados a “comer criancinhas”). E a Copa do Mundo seria uma rara
oportunidade da Rússia mostrar a todos, afinal, “quem era quem”. Pois bem, tempestivamente
acionados, os até então infalíveis computadores soviéticos e seus modelos
econométricos previram que a partida com o Brasil seria um “passeio” e que a
Rússia chegaria à final, sagrando-se campeã do mundo.
Esqueceram,
no entanto, de perguntar a um mulato de pernas tortas, nascido em Pau Grande,
subúrbio do Rio de Janeiro, e que faria sua estréia na seleção brasileira naquela
data, qual a sua opinião a respeito. Resultado: Garrincha estraçalhou e enlouqueceu
a defesa russa com seus dribles desconcertantes (deixando sempre, a cada jogada,
uma “ruma” de jogadores adversários sentados e grogues no gramado) e, assim,
com dois gols de Vavá o Brasil despachou a Rússia do torneio, pavimentando a
estrada rumo à final. Quando venceu os donos da casa por 5 x 2 sagrando-se
campeão do mundo (e a defesa sueca, tal qual a da Rússia, suava frio e entrava
em polvorosa quando o tal mulato das pernas tortas pegava na bola).
Era a
desmoralização, completa e acabada, da pseudo-influência da informática no
futebol. E a confirmação mundial do nascimento de um gênio na arte de jogar
bola – Garrincha, ou simplesmente Mané, para os íntimos. Pena que, mais tarde,
haja Garrincha sucumbido ao alcoolismo.
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