sexta-feira, 6 de junho de 2014

"Snowden" - José Nilton Mariano Saraiva

Independentemente da manifestação de “juízos de valor” dispares que há de gerar sobre, a verdade é que a decisão do jovem, tímido e discreto americano Edward Snowden (31 anos) em “vazar” segredos de Estado e conseqüentes abusos cometidos pelos governos americano e britânico no tocante à invasão da privacidade (via controle irrestrito da Internet, inclusive telefone), acabou por prestar um relevante serviço à humanidade.

Fato é que, gênio da computação (e até por isso mesmo), mesmo sem possuir curso superior Snowden conseguiu ascender à condição de graduado “espião-senior” da NSA (Agência de Segurança Nacional, dos Estados Unidos, que atuava conjuntamente com a britânica GCHQ), tendo acesso, pois, a informações ultra-secretas e de largo poder de destruição.

No entanto, a partir de um certo instante, ao constatar que os superiores (inclusive o presidente Barack Obama) mentiam desbragadamente sobre o que ali se passava, visando obter do Legislativo americano e inglês facilidades, e possuído por uma repentina conscientização sobre os malefícios que estaria a provocar à humanidade (na constatação que a “coisa” era bem maior do que imaginava, mesmo que para um espião), surpreendentemente acabou por “virar a casaca”.

E aí se deu o ato metamorfósico: após copiar e abrigar em pen-drives fortemente criptografados milhões e milhões de documentos e informações ultra-secretas resolveu fugir para Hong Kong, na China, onde, valendo-se de jornalistas do britânico The Guardian (devidamente selecionados), “botou a boca no mundo”.

Foi um Deus nos acuda, principalmente porque até aquela data as duas agências governamentais não tinham a menor idéia de quem teria tido acesso e houvera vazado aquilo que até então se considerava ultra-secreto. E aí mais uma prova de destemor de Snowden: mesmo sabendo que estava a assinar o próprio “atestado de óbito”, resolveu mostrar a cara publicamente, gravando uma entrevista esclarecedora a respeito do “porque” ter agido daquela forma.  

Para se ter idéia da ESTRATOSFÉRICA E ABSURDA DIMENSÃO da “coisa”, basta um só dado: num dia apenas, as informações obtidas pela NSA e GCHQ, via grampeamento dos cabos de fibra ótica que perpassam EUA e Inglaterra, chegaram a 39 BILHÕES de dados coletados - isso mesmo, com “B”, de bola - contemplando não só o cidadão-comum, mas, principalmente, líderes de todo o mundo (o próprio Barack Obama,  David Cameron, Angela Merkel, Dilma Roussef, e os presidentes da França e da Indonésia, dentre outros, tiveram suas conversas e e-mail gravadas e copiadas).

Sem poder contestar as bombásticas revelações, em razão de a farta documentação ter sido exposta nos jornais e TV, os governos americano e britânico tiveram que admitir a ilegalidade do modus operandi utilizado, ao tempo em que usaram a justificativa de tratar-se de uma preocupação permanente com o terrorismo, após o atentado às “tôrres gêmeas”, em 2001.

Hoje, após um período recluso, sabe-se que Snowden se acha exilado na Rússia, com visto de permanência provisório (que expirará em agosto/2014). Voltar ao seio da família nos Estados Unidos jamais, já que no mínimo pegaria uma prisão perpétua, porquanto considerado um “traidor”. Daí a busca desesperada por algum país que aceite conceder-lhe asilo. O Brasil foi sondado.


Você, aí do outro lado da telinha, o que acha disso: o Brasil deve abrigá-lo permanentemente ??? Ou isso representaria uma ameaça à nossa segurança interna e à própria soberania nacional ???

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