sábado, 27 de setembro de 2014

O disputado "voto vagabundo" - José Nilton Mariano Saraiva

“Made in PSDB”, porquanto idealizado, arquitetado e lançado no governo FHC, o tal “fator previdenciário” foi uma dessas maldades inomináveis para com centenas de milhares de aposentados brasileiros (para editá-lo, à época um suposto e contestável déficit da previdência foi brandido). No entanto, e como restou comprovado a posteriori, a explicação mais plausível nos remete ao fato de o então Presidente da República e seus áulicos terem que arranjar um bode expiatório para a gravidade momentânea das contas do governo, daí nada mais cômodo do que considerar os “velhinhos do INSS” uma espécie de trambolho, mercadoria de quinta categoria e, pois, desmerecedora de quaisquer direitos. Portanto, tunga neles. Tanto é que, sarcasticamente, a partir de então passou a rotulá-los de “vagabundos”. E a tratá-los a pão e água.

Como não há nada melhor que um dia atrás do outro com uma noite no meio, eis que agora, de olho nos votos dos milhões de “vagabundos” brasileiros, o candidato tucano à Presidência da República, Aécio Neves, apadrinhado e referendado por FHC, resolveu ir de encontro aos ditames do chefe ao anunciar seu propósito de, se eleito, rever o tal “fator previdenciário”, reconhecendo-o como um ultraje àqueles que tanto deram pelo país (os aposentados). Como o fará, não detalhou. Entretanto, como já anunciou que se valerá de alguns dos integrantes do governo FHC, que editou o projeto original, fica difícil explicar a contradição de tal proposta. Até porque, seria uma espécie de “reprovação” (embora tardia) ao chefe.

De outra parte, pegando carona na proposta do concorrente, de pronto e de forma oportunista a candidata Marina Silva – aquela que se especializou em copiar, colar e assumir a paternidade de obras alheias, porquanto lhe falta substância, de pronto tratou de desfraldar a mesma bandeira, sem que, igualmente, tenha respostas de como o fará. Até porque, também alguns dos que estão ao seu lado hoje estiveram com FHC, no passado.

Fato é que entre as duas manifestações, uma constatação fica evidenciada: nenhum deles (Aécio ou Marina) até agora apresentou um novo projeto ou modelo em substituição ao “fator previdenciário”. E por uma razão simplória: porque inexistem estudos detalhados a respeito de como fazê-lo e porque a coisa é realmente complexa, não se resolvendo da noite pro dia.


Assim, os aposentados brasileiros hão de ter especial cuidado com o “conto do fator previdenciário”, que atualmente é vinculado harmoniosamente em “dose dupla” (por Aécio e Marina), com o objetivo único e exclusivo de ganhar o “voto vagabundo”.

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