domingo, 12 de outubro de 2014

“Lucros pessoais exagerados ou limitados a grupos cuja prosperidade se baseia na exploração da maioria.” - José do Vale Pinheiro Feitosa

Um governo para o nosso tempo é o que precisamos. Estamos no processo eleitoral e cada um é importante nessa definição. E que se tome por referência as práticas e o que acontece no mundo todo para se colocar como legítimo escrutinador do seu tempo. E não cabe exploração, juros altos, arrocho salarial, redução do crédito, combater os pobres e “menos informados”, manter privilégios de grupos e classes. Não cabe agora, como não cabia em 1940, quando efetivamente a guerra mundial tomou um corpo geral e esta guerra era fruto do liberalismo econômico que criara grandes tubarões a dizimar os peixes pequenos num aquário de iniquidades, fome, perseguições e morte.

No dia 11 de junho de 1940, a bordo da nau capitânia, da Marinha de Guerra do Brasil, o Encouraçado Minas Gerais, Getúlio Vargas pronuncia um discurso histórico. Os produtores rurais e industriais brasileiros estavam insatisfeitos com a queda das exportações e reclamavam pela mídia (mesmo sob impacto de uma ditadura). Getúlio diante do quadro internacional abre um discurso em que denuncia a choradeira e puxa as orelhas de quem quer ganhar muito sem fazer nada. Como esse pessoal hoje que tem o Armínio Fraga como guru: os beneficiários da bolsa juros do tesouro nacional. E o que diz o Getúlio:

“O que ficou perene, imortal, foi o lema: “O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever.” São as primeiras palavras de Getúlio ao recordar o patrono da Marinha de Guerra, Almirante Barroso. E vai ao cerne da questão:

“Atravessamos, nós, a humanidade inteira transpõe, um momento histórico de graves repercussões, resultantes de rápida e violenta mutação de valores. Marchamos para um futuro diverso de quanto conhecíamos em matéria de organização econômica, social, ou política, e sentimos que os velhos sistemas e fórmulas antiquadas entram em declínio. Não é, porém, como pretendem os pessimistas e os conservadores empedernidos, o fim da civilização, mas o início tumultuoso e fecundo de uma nova era.”

E Getúlio chega ao ponto onde a mudança acontecerá com maior fecundidade: “A economia equilibrada não comporta mais o monopólio do conforto e dos benefícios da civilização por classes privilegiadas. A própria riqueza já não é, apenas, o provento de capitais sem energia criadora que os movimente; é trabalho construtor, erguendo monumentos imperecíveis, transformando os homens e as coisas, agigantando os objetivos da Humanidade, embora com sacrifício do indivíduo. Por isso mesmo, o Estado deve assumir a obrigação de organizar as forças produtoras, para dar ao povo tudo quanto seja necessário ao seu engrandecimento como coletividade. Não o poderia fazer, entretanto, com o objetivo de garantir lucros pessoais exagerados ou limitados a grupos cuja prosperidade se baseia na exploração da maioria.”

E Getúlio mais à frente continua: “À democracia política substitui a democracia econômica, em que o poder, emanado diretamente do povo e instituído em defesa do seu interesse, organiza o trabalho, fonte de engrandecimento nacional e não meio e caminho de fortunas privadas. Não há mais lugar para regimes fundados em privilégios e distinções; subsistem, somente, os que incorporam toda a Nação nos mesmos deveres e oferecem, equitativamente, justiça social e oportunidade na luta pela vida. A disciplina política tem de ser baseada na justiça social, amparando o trabalho e o trabalhador, para que este não se considere um valor negativo, um pária à margem da vida pública, hostil ou indiferente à sociedade em que vive.”  

Relendo este discurso de Getúlio Vargas fica claro onde se encontra o caminho político do trabalhismo. Onde se encontra a linha da história brasileira.

E fica mais claro do que nunca porque FERNANDO HENRIQUE CARDOSO DISSE QUE SERIA O FIM DA ERA VARGAS. Isso foi dito num discurso dele no Senado, em 1994, quando já fora eleito Presidente da República. A frase era o resumo do programa neoliberal: Estado Mínimo, economia de Mercado, atrelamento aos EUA, trabalhadores como consequência e não como causa da história.


Agora, então, com os preconceitos emitidos por ele, não tem como fugir de que FHC não mentiu quando mandou esquecer tudo que escreveu sobre a teoria da dependência. Por isso ele falava em Neobobos, em Vagabundos ao se referir a aposentados e se vangloriava de falar inglês.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário