segunda-feira, 24 de novembro de 2014

A JORNADA DE FHC - José do Vale Pinheiro Feitosa

Vamos à metáfora. Temos uma longa jornada. Passaremos no interior de florestas úmidas, infestadas de insetos, animais peçonhentos, predadores humanos, matagais intransponíveis (ou quase para possamos continuar). Em seguida virão desertos sedentos, abrasadores, de cansativo areal e dunas altas a ultrapassar. Andaremos sobre a neve. Beberemos em grandes lagos. Sorveremos a lama quase ressequida de poças infectas. Uma longa jornada.

Mas resistiremos. Chegaremos ao destino. Mesmo que seja apenas para o descanso eterno como gostam aqueles que apaziguam seus corações temerosos. E chegaremos ao destino porque aprendemos a viver nos vários ambientes. Teremos conhecimento para formular normas, regras, éticas, solidariedade entre todos. Assim nós atravessaremos e quem sabe até nos fixaremos em alguns destes ambientes. Afinal tudo parece uma passagem.

Mas nada é de passagem. Tudo carrega uma sensação de plenitude que uma vez exposta ao avançar cronológico, se traduz como eternidade. Mesmo quando distante destes ambientes habitados, nascidos, gerados, eles, pelas partículas da anti-cronometria, se alojam na memória como uma loja viva do continuo.

Por isso sempre temos duas mãos a ponderar o conjunto da jornada. Numa a coerência com a realidade e o outro ser humano e noutra a revisão do conhecimento porque a realidade se transforma. Portanto, sendo coerência e revisão ao mesmo tempo, avança sobre a mudança preservando o corpo que se move nesta jornada. Isso é válido desde a metodologia do conhecimento como passo inicial até o passo mais geral que é a política.

Não se pode ter a pessoa como exclusivo alvo crítico de grandes deformações. Isso é perder substância crítica. As grandes questões são coletivas, são ideias, são comportamentos, preconceitos, manipulações, artimanhas, enganações e outras tantas de igual sentido. Por mais que admire alguém num intervalo, se ele se apega a tais práticas merece a reparação crítica por representar a soberba de querer da jornada apenas a melhor parte.

Igual a Fernando Henrique Cardoso que, Presidente da República, chamou os pobres aposentados da Previdência Social de vagabundos. E hoje, numa insanidade argumentativa foi capaz de responder ao seu avantajado salário de aposentado com a seguinte argumentação:

Todo mundo reclama de salário, que é baixo. Acho o meu razoável. Comparado com o que se ganha no setor privado, aí significa muito, porque a aposentadoria do INSS é muito baixa. Não é a USP que é alta, o outro que é baixo”.  


FHC tem a aposentadoria de R$ 22.151,00. 

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