quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

DEGOLA! - José do Vale Pinheiro Feitosa

21 de janeiro de 2015. Passaram-se 222 anos.

A cabeça de Luiz XVI, decepada pela guilhotina, é levantada pelo verdugo Sanson para a multidão que a vendo grita: Viva a Revolução. Viva a República.


Não fora a primeira vez que uma multidão, dentro de um processo político, julgou e determinou a pena capital para um rei. A Inglaterra havia feito o mesmo, mas a morte de Luiz XVI é um momento da história em que tudo muda.

Na França, mais claramente, o processo político do desenvolvimento da burguesia e da classe operária (e do povo em geral) se evidenciou. A burguesia que já havia conquistado a economia e o Estado na Revolução Inglesa e Americana, ali na Revolução Francesa os conquista, criando todas as instituições que darão ares de civilização ao seu futuro político. Os códigos napoleônicos entre eles.

E por qual razão tantos filmes, peças, romances, ensaios, discurso e uma choramingação de saudosista sobre a ordem Monárquica e aquele momento em que a guilhotina separou cabeça e corpo de Luiz XVI?

É que ali, considerando algumas imprecisões históricas, o Jacobinismo se aproximava tanto da base popular, não burguesa, que na Revolução Francesa surgiu um novo fenômeno político que constituiu na grande contradição do capitalismo. Ali começava a nova luta de classes tendo a burguesia como protagonista.

Naquele ato de mais de duzentos anos passados, o exercício político perdia uma instituição central de muitas centenas de anos: a descendência familiar do poder. Mesmo que oligarquias persistam, que famílias patrimonialistas como os Sarney, os Kennedys, Bush, dinastias e outras mais, cursem de pai para filho, a verdade é que, centralmente, a genética não é mais o coração da transmissão do poder.  

Não se pode esquecer que a transição do poder dentro das famílias ainda é marcante na nossa realidade, como Tasso Jereissati filho de Carlos; Samuel filho de Ossian; Roseane filha de Sarney, Artur Virgílio filho de Artur Virgílio e são muitos os exemplos. Mesmo assim esta transição é negociada e representa o poder econômico das famílias burguesas.


Mas definitivamente não representam a gênese divina do poder. E por sinal, no dia 21 de janeiro de 1901 morreu a Rainha Vitória da Inglaterra (a última figura da realeza britânica que realmente detinha poder). 

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