sábado, 27 de junho de 2015

"FHC" - José Nilton Mariano Saraiva

A notória “má fé” da mídia tupiniquim em relação ao ex-presidente Lula da Silva (extensiva ao PT, ou até por isso mesmo) é algo incontestável e digna de masturbações sociológicas. Talvez porque tenham receio que ele volte em 2018 para mais uma vitória acachapante sobre a “tucanalhada”, a determinação é, desde já, tentar “baldear o coreto”, criar “factoides” os mais diversos, mentir despudoradamente, chegar às raias da insensatez.

Como agora, quando um desconhecido advogado, useiro e vezeiro em impetrar o instrumento jurídico conhecido por habeas corpus, sem que os envolvidos sejam consultados, resolveu por conta própria que deveria “defender preventivamente” o ex-presidente contra uma possível prisão, por conta dessa onda do “Lava-Jato”. Sem tirar nem por, esta, resumidamente, a versão correta sobre o surgimento do FHC (fajuto habeas corpus) em favor de Lula da Silva (que o repudiou, ao tomar conhecimento).

Foi o bastante para que a desonesta oposição ao governo, irmanada com a mídia corrupta, repercutissem nos jornalões e nas redes sociais uma versão abjeta e irresponsável sobre, porquanto dando a entender que o ex-presidente houvera impetrado pessoalmente o tal habeas corpus, com receio de ser detido.

Como a Internet é uma via de multi-mãos, não tardou para que os apressadinhos de plantão fossem literalmente desmoralizados e tivessem que se penitenciar (embora tardiamente, já que houvera ganhado o mundo) pela deslavada mentira divulgada. Confira abaixo.       

Sem querer, querendo

“Nenhum desses cuidados primários foi tomado pela redação da Folha de S.Paulo, na quinta-feira (25/6), ao noticiar, em sua edição digital, que o ex-presidente Lula da Silva havia ingressado com pedido de habeas corpus preventivo, na Justiça do Paraná, para não ser preso como acusado na Operação Lava-Jato. A notícia original foi publicada às 11h25. Cinco minutos depois, uma nota colocada apressadamente dizia: “ERRAMOS – Não foi Lula que pediu habeas corpus preventivo; ação foi de consultor sem ligação com o ex-presidente”. A pequena nota corretiva foi substituída muito tempo depois, às 15h07, por um outro “ERRAMOS”, que informava: “Versão anterior da reportagem ‘Habeas corpus preventivo pede que Lula não seja preso na Lava Jato’ informou incorretamente que o pedido de habeas corpus havia sido feito pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva” (ver aqui). O título, o texto e a chamada na home page do portal foram corrigidos, mas a versão original já corria pelas redes sociais, impulsionada por uma equipe a serviço do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO). Mesmo com os sucessivos atentados ao bom jornalismo que fazem a rotina da imprensa brasileira, difícil acreditar que a redação da Folha de S. Paulo tenha cometido um mero erro técnico, uma “barrigada”. Foi mais do que incompetência: foi resultado de um empenho do jornal em criminalizar o ex-presidente da República, no rastro de um processo que começa a incomodar alguns dos mais renomados juristas do país, por uma sucessão de decisões tidas como arbitrárias. O viés condenatório da Folha pode ser percebido na versão atualizada às 15h32 de quinta-feira, na qual se lê que “segundo o Instituto Lula, qualquer cidadão pode impetrar o habeas corpus”. O correto e honesto seria dizer, simplesmente, que “o pedido de habeas corpus pode ser feito em nome de terceiros por qualquer cidadão”, como saiu na edição de papel na sexta-feira (26/6) – porque essa é a norma legal, não a “opinião” do Instituto Lula.
As trapalhadas que se seguiram apenas aumentaram a repercussão da notícia – e para muitos cidadãos fica a impressão de que Lula da Silva está na iminência de ser colocado na cadeia – o que não é verdade, porque ele nem sequer é investigado. Os outros jornais alimentam essa versão ao publicar textos ambíguos – por exemplo, o Estado de S. Paulo diz que Lula “nega que seja o autor do pedido” – frase que não se justifica depois que o impetrante do habeas corpus admitiu ter agido por conta própria. O episódio dá razão aos impertinentes que chamam aquele jornal de “FALHA DE SÃO PAULO”.

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Alfim, e a fim de dissipar quaisquer dúvidas, em nota oficial o juiz da Lava Jato, Sérgio Moro (que está, sim, doido pra pegar o ex-presidente), houve por bem se pronunciar:A fim de afastar polêmicas desnecessárias, informa-se, por oportuno, que não existe, perante este Juízo, qualquer investigação em curso relativamente a conduta do Exmo. ex-Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva”.

Particularmente, entendemos que, como a porteira foi aberta, o risco é que a Justiça do Paraná de repente se veja sufocada de habeas corpus preventivos impetrados por milhares e milhares de pessoas que, a partir do governo Lula da Silva se descobriram vivas, se descobriram existir, se descobriram cidadãos do mundo.


Alguém duvida ???  

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