Se você, aí do outro lado
da telinha, ainda não sabe, a palavra japonesa “Sayonara” significa “adeus” e
serviu pra titular um dos grandes filmes românticos já rodados (vencedor de
três Oscar’s). Tanto que naquela oportunidade a imprensa foi pródiga em
elogios, destacando: “Um gigante entre os filmes” (The Film Daily), “Um filme
de beleza e sensibilidade” (Variety), “Uma encantadora história de amor; um dos
melhores filmes do ano” (Los Angeles Mirror News).
No filme, Marlon Brando (numa atuação soberba), interpreta o Major Lloyd Gruver, herói da Força Aérea americana, envolvido na guerra com a Coréia, e que repentinamente, após pousar, vindo de mais uma batalha aérea, toma conhecimento da sua transferência para a Base Militar Americana, no Japão; é que o futuro sogro (General Webster, comandante da base) já lá se encontra com toda a família e, temendo pela vida do futuro genro, parece pretender “agilizar” a união da filha com o “major-herói”. Como os militares americanos eram terminantemente proibidos de se relacionar com as mulheres orientais, e o Major Gruver um dos mais ardorosos defensores de tal (pre)conceito, o caminho praticamente estava pavimentado.
As coisas começam a mudar quando o Major é convidado pelo amicíssimo recruta Joe Kelly (seu subordinado e a quem não podia faltar), pra ser padrinho do seu casamento... com uma japonesa, numa cerimônia simples em pleno recinto da Embaixada americana, lá no Japão (por tal atitude, posteriormente foi advertido pelo futuro sogro).
Enquanto no convívio diário com a noiva as coisas começam a “azedar” em razão das diferenças só agora descobertas, a função burocrática, à qual não estava acostumado, começa a lhe “encher o saco” (e a paciência).
Pra espairecer, e como não
tinha mesmo nada pra fazer, ele aceita o convite de um colega pra visitar na
cidade vizinha a cerimônia de “passagem” por uma trilha, rumo ao teatro, das
jovens mulheres componentes do balé feminino mais famoso do Japão, o
Matsubayashi. E foi aí que o “cupido o flechou”, ao colocá-lo à frente da
beleza suave e ao mesmo tempo estonteante de Hana-Ogi, a principal estrela da
companhia. Tentou chamar-lhe a atenção, sem sucesso, mesmo envergando a vistosa
e bela farda militar (as mulheres japonesas eram também proibidas de se
relacionar com os americanos). Assistiu ao espetáculo no teatro, voltou nos
dias seguintes e, sempre do mesmo posto de observação, tentava pelo menos
conseguir algum olhar piedoso de Hana-Ogi. Nadica de nada. Já cansado e
desestimulado com tanto desprezo, resolve observá-la (na “passagem”) de um
outro ponto. E aí, a surpresa. Enquanto dava autógrafos aos fãs, Hana-Ogi
timidamente levanta a vista e dirige seu olhar para onde ele sempre ficava; não
o encontrando, permite-se um giro de 180 graus com a cabeça, à sua procura.
Xeque-mate (sim, havia esperança).
Xeque-mate (sim, havia esperança).
Através da esposa japonesa do amigo Joe Kelly, consegue marcar um encontro secreto com Hana-Ogi (na casa do recruta); na oportunidade, fala, fala, fala e ela, bela e angelical, sem pronunciar um pio, uma única palavra. Visivelmente encabulado, ele lhe diz que não sabe mais o que fazer e, só então, ela “abre o verbo”: que seus pais foram mortos pelos americanos, que ela mesma fora criada com a quase obrigação de detestar os americanos, mas que, agora (que bela surpresa)... estava apaixonada por ele, um americano. E a partir de então passam a se encontrar às escondidas e viver intensamente aquela paixão explosiva.
Com o suicídio do recruta Joe Kelly e a esposa (grávida), em razão da sua remoção ex-offício para os Estados Unidos (desacompanhado da mulher), o Major Gruver “chuta o pau da barraca”: acaba o noivado com a filha do General, lhe diz da sua intenção de também casar com uma japonesa e recrimina aquele preconceito absurdo (do qual ele era um dos defensores, lembremo-nos); de pronto é ameaçado de expulsão da Aeronáutica pelo ex-quase-futuro sogro (que ainda teve o dissabor de ver a filha, ex-noiva do Major, sair de casa anunciando que iria viver com o afeminado principal dançarino de um dos balés do Japão).
Para não prejudica-lo, Hana-Ogi foge para uma outra cidade, sem comunicar-lhe, deixando-o ensandecido. Ao descobrir onde ela se acha, vai ao seu encontro e, após o espetáculo, no camarim, lhe diz que renuncia a tudo por ela e, principalmente, que está pra ser aprovada uma Lei americana acabando com tudo aquilo; lhe dá um prazo de alguns minutos para que decida se topa ou não ir com ele para a América, naquele mesmo dia. Retira-se e, do lado de fora, cercado pelos principais integrantes da mídia nipônica, aguarda ansioso que ela apareça. Tensão, expectativa...
No último segundo, Hana-Ogi surge risonha, belíssima e esplendorosa e corre para os seus braços; quando os repórteres e jornalistas pedem pra o Major Gruver deixar alguma mensagem ao povo japonês, sucintamente ele responde: “diga-lhes que eu lhes disse... SAYONARA”. The End.
Nota 1000. Um "filmaço"
Nenhum comentário:
Postar um comentário