terça-feira, 11 de agosto de 2015


Parábola.

Neste amálgama de tantas contradições,
Quando alguém enuncia uma parábola:

Onde se encontram as virtudes e os senões?
Os frutos que alimentam e os que envenenam?

E os machados que juntos às raízes ameaçam?
As árvores conforme os vaticínios de Deus,
Serão lenhadas e outras frutificarão na nova era.

E quando a parábola se anunciou logo os ímpios,
Correm a buscar aqueles que julgavam maus frutos.

A disparar balas sobre os corpos negros dos haitianos,
A lanhar as carnes vivas do transformista crucificado,
Levantando os malfeitos dos seus vizinhos petistas,
Buscando as falcatruas das mulheres que abortam,
Lançando a primeira pedra nos desejos carnais das mulheres,
Linchando os gatunos agarrados com o celular subtraído,
Levando para o mais profundo porão os delinquentes infantis,
Levantando o dedo acusador para tudo aquilo que, afinal, gera frutos.

A parábola dos frutos bons e maus desperta a fúria insana dos coletores,
Ao invés de aproximar, assemelhar, pode antecipar a confusão existente,
Incapaz de transformar o espírito despreparado para sua compreensão.

Ainda mais quando aquele que enunciou a parábola diz:

Aos ricos: “O que tem duas túnicas deve compartilhar com quem não tem nenhuma, aquele que tiver alimento deve fazer o mesmo”.

Aos coletores de impostos: “Não cobrai nada além daquilo que foi estabelecido para vós cobrardes”.

Para os soldados: “Não intimidai, não chantageai e contentai-vos com vossos salários”.


E há dois mil anos, como agora, o anunciante de tais ideias teve a cabeça cortada. Mas seu algoz, amedrontado, teve o castigo de ser exilado do seu povo. 

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